Retalhista digital de luxo Mytheresa aposta em expansão na China pós-Covid

A retalhista digital de luxo alemã Mytheresa está a concentrar esforços na construção do seu negócio na China, num panorama de e-commerce notoriamente competitivo dominado pelo gigante local Alibaba e, cada vez mais, pela Douyin, a versão chinesa do Tiktok.

A empresa planeia atrair compradores no terceiro maior mercado de luxo do mundo, empregando personal shoppers e realizando eventos presenciais, disse o seu CEO na segunda-feira.

Michael Kliger,CEO, disse à Reuters em Xangai: "A empresa cresceu mais de 20% nos últimos anos e as nossas expectativas para a China nos próximos anos são o dobro. Como somos tão pequenos aqui, nem sequer enfrentamos os grandes, focamo-nos sim num cliente muito especial."

A Kliger afirmou que a empresa está posicionada para atrair clientes de luxo "maduros" na China, acrescentando que 3% dos principais clientes da Mytheresa representam 35% das vendas totais.
O responsável acrescentou: "O cliente do luxo que acaba de iniciar um idílio de luxo e que procura a sua primeira peça provavelmente não é o alvo que temos em mente."

Outras empresas mundiais de e-commerce de luxo, como Farfetch e Yoox Net-a-Porter, têm vindo a tentar entrar no mercado chinês há algum tempo. Ambos uniram forças com o líder de mercado Alibaba mediante um acordo de investimento e uma joint venture, respetivamente.

A Mytheresa registou pela primeira vez uma empresa local chinesa em 2017, mas a Covid retardou o seu progresso. No ano passado, começou a fazer novos movimentos no mercado chinês, tendo Kliger contratado um novo presidente da Ásia-Pacífico, Steven Xu, e começado a vender na plataforma chinesa de e-commerce JD.com, bem como na sua própria aplicação e site. 

Patrice Nordey, sócio-gerente da agência de inovação EY Fabernovel, disse que posicionar a Mytheresa no topo da pirâmide de consumo de luxo ajudará, mas o cenário competitivo continua a ser um obstáculo para uma empresa que envia produtos da Europa para a China.

“Pergunto-me se uma plataforma internacional que atende clientes chineses a partir do estrangeiro será capaz de oferecer um serviço que corresponda às expectativas dos consumidores daqui. Isso é algo com o qual outras plataformas tiveram problemas no passado."