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Novello Dariella
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27 de out. de 2022
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Ricos continuam a comprar bolsas Birkin com a má maré a avizinhar-se

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Reuters
Traduzido por
Novello Dariella
Publicado em
27 de out. de 2022

De acordo com a Hermès, KeringL'Oréal e Pernod Ricard os consumidores de alto poder aquisitivo continuam a gastar em itens de luxo, como bolsas, perfumes e bebidas de alto padrão. No entanto, os analistas perguntam quanto tempo é que esse 'boom' pode durar antes que os ricos decidam fechar as suas carteiras.


Hermès - primavera-verão 2023 - moda feminina - Paris - © PixelFormula


A Hermès e a Pernod Ricard disseram que continuarão a aumentar os preços devido à subida de custos, depois de superarem as previsões no trimestre de julho-setembro. Os negócios foram impulsionados pelo retorno dos americanos à Europa e Ásia, aproveitando a força do dólar.

A China continental também viu um forte aumento no caso da Hermès e da Pernod após o alívio das restrições relacionadas com a doença de COVID-19, embora algumas tenham sido reimpostas. As dificuldades no mercado chinês devido aos bloqueios da COVID-19 afetaram mais os negócios da Kering e da L'Oréal, derrubando as vendas trimestrais da Gucci, principal marca da Kering.

Os analistas buscam sinais de que o 'boom' de gastos pós-pandemia pode diminuir após meses de grande apetite por parte dos consumidores, que aproveitaram as economias da pandemia para gastar com marcas e champanhe.

Por outro lado, os altos executivos das empresas de luxo não estão preocupados. "É um sector que tem experiência em situações de incerteza, mas temos muita munição... independentemente dos fatores que possam influenciar o curto e médio prazo, as previsões de longo prazo continuam boas", diz Jean-Marc Duplaix , CFO da Kering. Duplaix aponta que, embora os negócios entre os consumidores norte-americanos mais afluentes tenham sido bons, outros produtos mais baratos que são populares entre os chamados consumidores "aspiracionais" foram pior.

Alguns analistas esperam que o crescimento das vendas do sector comece a desacelerar no quarto trimestre ou a partir do próximo ano, com marcas mais fortes a conquistarem a participação de mercado à medida que os consumidores migram para nomes mais estabelecidos. Flavio Cereda, analista da Jefferies, prevê que as marcas mais fortes, como a Chanel, Hermès, Louis Vuitton e Dior, e outras menores, como a Moncler, irão acelerar os seus ganhos de market share no final do ano.

"Esta extremidade superior do mercado é muito mais atrativa do que outras empresas de consumo discricionário no ambiente atual", explica Sophie Lund-Yates, principal analista de ações da Hargreaves Lansdown, referindo-se em particular à Hermès. "Os consumidores mais ricos são muito menos propensos a serem afetados por condições económicas difíceis", diz.

A Jefferies prevê um crescimento de 13% nas vendas do sector neste ano e 7% no próximo.

Aumento nos preços



A Pernod Ricard, que aumentou os seus preços em cerca de 7% em todo o mundo durante o trimestre, está confiante de que o crescimento das vendas continuará até o ano fiscal de 2023, à medida que os consumidores mudarem para os seus destilados mais sofisticados.

A Hermès, que tem uma lista de espera para as suas bolsas a preços de mais de 10.000 dólares, quer aumentar os preços de 5% a 10% no próximo ano, seguindo os passos de gigantes de luxo rivais que já aumentaram os preços durante a pandemia.

Tanto a Hermès como a Kering observaram que os fornecedores estão sob pressão do aumento da inflação, incluindo matérias-primas e custos de energia.

As empresas que atendem consumidores menos abastados também tiveram um impacto nos seus produtos com esse aumento de preço, como mostraram as duas maiores empresas de consumo do mundo, Nestlé e Procter & Gamble. Os consumidores estão a pagar mais por produtos como o café Nescafé da Nestlé e as lâminas de barbear Gillette, apesar do aumento da inflação.
 

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