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Helena OSORIO
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20 de fev. de 2023
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Sábado na LFW: Simone Rocha, Robyn Lynch, Roksanda e David Koma

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Helena OSORIO
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20 de fev. de 2023

Um episódio celta durante a London Fashion Week (LFW), com duas coleções excecionais dos estilistas irlandeses Simone Rocha e Robyn Lynch, seguido de um momento de graça de Roksanda e glamour acidulado de David Koma. A Fashion Network assistiu a um show atrás do outro.
 

David Koma : em modo Marlene Dietrich



Se a arte da sedução foi o leitmotiv da última coleção de David Koma, o seu ponto de partida foi a vida e carreira de Marlene Dietrich.


David Koma - outono-inverno 2023/2024 - Prêt-à-porter feminino - Reino Unido - Londres - © ImaxTree


Atriz, cantora, femme fatale e cética, Marlene Dietrich teria certamente apreciado esta coleção para a estação de outono-inverno 2023, cuja maioria das peças parece ter sido concebida para uma boa aparência em discotecas.
 
A maior parte das fotografias de Marlene Dietrich são a preto e branco, tal como esta coleção, desde os primeiros looks: um bolero de corpo largo usado com um justaucorp, uma camisa branca masculina, gravata preta e saia de tule ligeiramente justa, e depois uma camisa masculina cortada num vestido cocktail curto, ambos usados com botas de couro de coxa alta.

Inspirada pela atriz alemã perturbadoramente bela, a estilista misturou o masculino e feminino – desde vestidos casaco para jantar e casacos de couro preto a blazers masculinos e casacos de motard envenenados.
 
Dezenas de justaucorps, minissaias e soutiens ofereceram acres de pele para o público ver. Para usar David Koma, é preciso confiar na sua figura – mas aqueles que têm a sorte de o fazer têm um poder de sedução particularmente forte.
 
Tons de vermelho sulfurosos foram uma característica chave do desfile, e David Koma realizou alguns feitos técnicos, incluindo a utilização de couro escovado com esmalte de unhas. Este material inovador foi utilizado em tops soutien, luvas, pulseiras, vestidos de malha curtos, muitas vezes com rosetas de metal prateado.
 
Tal como Dietrich, a mulher David Koma é fumadora: três modelos andaram na passarela com cigarros na boca. Mas sem fumo, em resina coberta com prata.
 
"Dietrich encarna a mulher moderna, tinha uma mente tão aberta e vanguardista", recorda David Koma, que organizou o seu show num novo edifício de escritórios, com uma vista desobstruída sobre a linha do horizonte da City de Londres.
 
"Tentei replicar o seu equilíbrio de masculino e feminino". E os looks chave do glamour – esmaltes, lapelas de cetim e lábios vermelhos – misturando duas épocas revolucionárias: os anos 30 e os anos 60".
 

Roksanda: esplendor Gutai no Claridge’s



Um momento de graça na Roksanda, durante um melódico desfile de moda encenado no Claridge's Hotel e acompanhado pela poetiza Arch Hades.


Roksanda- outono-inverno 2023/2024 - Womenswear - Reino Unido - Londres - Roksanda


Inspirada por Atsuko Tanaka, a coleção combinou maravilhosamente o subtil sentido de volume de Roksanda com a visão única do artista japonês do pós-guerra, figura central da Associação de Arte Gutai de 1955 a 1965, famoso pelo seu expressionismo abstrato.
 
Apenas 24 looks, começando com grandes vestidos de folhos e terminando com aqueles sinuosos círculos vermelhos que associamos aos primeiros desenhos de Tanaka.
 
A voz de Arch Hades misturou-se à composição orquestral Preludium c-moll de Hania Rani e Dobrawa Czocher, à medida que as modelos iam pisando a passerelle.
 
Usando sedas extremamente luxuosas, a estilista sérvia radicada em Londres, Roksanda Ilinčić, drapeou sobreposições coloridas com grande liberdade, produzindo efeitos inovadores de trompe l'oeil
 
E incorporando fragmentos de papel alumínio e tafetá amassado, criou o lendário Electric Dress de Tanaka, um vestido de 50 quilos coberto por 200 lâmpadas elétricas, com o qual caminhou por uma galeria de arte numa inauguração lendária.
 
Vários vestidos memoráveis ​​de organsa de seda apareceram amassados ​​e martelados, novamente referenciando o tema central de Atsuko Tanaka, o conflito entre a industrialização e as necessidades dos seres humanos. Círculos, manchas de expressionismo abstrato evocavam o artista japonês em todo o lado, até aos magentas esculturais e vestidos de chiffon amarelo sustentados por argolas e tubos.
 
"Senti-me muito inspirada por Tanaka, não só pelo seu trabalho, mas também pelo seu conceito de tecnologia versus humanidade. E o facto de ter sido abandonada pelo fundador do movimento Gutai, depois de ter tomado os holofotes e o ter ofuscado. Por isso, procurava algum tipo de intimidade. Daí o Claridge's", explica a sempre-benevolente Roksanda Ilinčić, ao lado de Arch Hades.
 
"Era como uma relação orgânica. A peça que estou a usar, eu vi na última exposição de Roksanda. Portanto, é uma grande honra estar aqui, vestindo uma peça de arte, e fazer parte desta exposição", acrescentou por sua vez a poetisa britânica, lendo um poema da sua quarta coleção, Arcádia.
 
Nos seus dias bons, e este foi definitivamente o caso no sábado em Mayfair, a designer sérvia Roksanda, é capaz de criar moda de beleza poética que tem pouco a invejar os seus rivais.
 

Robyn Lynch: souvenirs souvenirs



O conselho de turismo irlandês deveria conceder a Robin Lynch uma bolsa de estudos, ou pelo menos uma medalha.
 

Robyn Lynch - outono-inverno 2023/2024 - Prêt-à-porter feminino - Reino Unido - Londres - © ImaxTree


Trevos, drapeados tricolores, camisolas de caxemira e sweaters Aran sustentaram toda a coleção, cujos últimos looks foram todos verdes.
 
Para Robyn Lynch, nascida em Dublin, o ponto de partida foi pesquisar no Google pela “T-shirt irlandesa”. Resultados da pesquisa: muito Guinness e vegetação.
 
Embora isso possa parecer um pouco cliché, não foi, porque Robyn Lynch é uma das melhores designers de streetwear de hoje. A sua visão da moda "lojas de souvenirs" foi, portanto, subtil e plena de espírito. Criou malhas como capas de chuva, sweatshirts adornadas com trevos de bandas desenhadas, sweaters irlandesas de gola alta e calças de fato de treino.
 
Tudo veio numa paleta de quatro tons de verde – pistaccio claro, sálvia profunda, verde lagarto, verde elétrico.
 
A banda sonora ficou a cargo de uma brilhante harpista ruiva, Róisín Berkeley, que acompanhou na perfeição este desfile e recolha absolutamente convincentes.
 
Robyn Lynch, uma jovem decididamente séria, começou o seu desfile quase na hora, algo inédito na moda. Isso forçou vários jornalistas prestes a reformarem-se a levantarem-se para admirar a coleção. Não há nada de errado com isso, especialmente porque as roupas valeram a viagem.

Simone Rocha: festa celta no coração de Londres



A maior ovação destes 10 dias de desfiles premiou o trabalho da luso descendente Simone Rocha, após um fantástico desfile organizado no Central Westminster Hall.


Simone Rocha - outono-inverno 2023/2024 - Prêt-à-porter feminino - Reino Unido - Londres - © ImaxTree


O estilo de Simone Rocha às vezes é um pouco etéreo demais, e até belo, mas não foi o caso nesta temporada. A estilista, neta de avô paterno português, misturou todos os tipos de elementos crus como palha, renda e rosas falsas nos seus vestidos e saias de tule.

Ainda apresentou blusões bomber e sobrecasacas em couro preto, mas enfeitadas com as suas decorações fétiches – cristas de pérolas.
 
Depois, um trio de looks em seda dourada amassada, usados ​​em blusas com manga perna de carneiro, saias plissadas e vestidos casacos atrevidos. Os négligés e vestidos justos enfeitados com retalhos de renda, cocares e fitas de cetim deram um toque opulento e estiloso.
 
O desfile foi acompanhado por uma apresentação ao vivo de Lankum, um quarteto folk de Dublin, com um tambor bodhran amplificado batendo uma batida intensa, e um cantor dando um soberbo canto fúnebre para encerrar a apresentação.
 
“Uma canção de ninar complicada”, diz Simone Rocha no comunicado que antecedeu o desfile, encenado no Central Hall Westminster, um imponente auditório onde modelos (masculinos e femininos) percorreram as galerias superiores. Ao lado da modelo ruiva Lily Cole e do fotógrafo irlandês Perry Ogden, Simone Rocha foi muito aplaudida.
 

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