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Estela Ataíde
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27 de out. de 2021
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Setor da moda de banho prevê recuperação para 2022

Traduzido por
Estela Ataíde
Publicado em
27 de out. de 2021

A tendência ascendente registada na indústria de swimwear antes do início da pandemia não regressará até à temporada 2022-2023. O confinamento e as restrições à mobilidade dos últimos meses não só atingiram o turismo, mas também abalaram a moda de banho. Especificamente em Espanha, um dos principais países produtores, o setor sofreu uma queda de 41% na faturação em 2020 depois de ter crescido continuamente desde 2015. Desafiando este contexto e com o objetivo de promover o regresso aos números pré pandemia, de 21 a 24 de outubro o Cabildo de Gran Canaria e a Ifema Madrid celebraram o 25.º aniversário da Gran Canaria Swim Week by Moda Cálida, a terceira edição que as duas instituições organizam em conjunto. A FashionNetwork.com faz um balanço da situação económica e do futuro do setor.


Nuria de Miguel, diretora dos desfiles, e Minerva Alonso, conselheira do Cabildo de Gran Canaria - GCSW


Apesar do impacto negativo da crise sanitária, a moda de banho contava com um mercado mundial estimado em 19,5 mil milhões de dólares (16,8 mil milhões de euros) em 2020, de acordo com dados do relatório “Swimwear and Beachwear - Global Market Trajectory & Analytics” elaborado pela plataforma de análise de dados Research & Markets. Um número que, seguindo uma taxa de crescimento anual esperada de 5,1%, deverá atingir um volume de 27,6 mil milhões de dólares (23,785 mil milhões de euros) até 2027. Um mercado guloso que, nesse mesmo ano, alcançará na Europa os 5,7 mil milhões de dólares (4,912 mil milhões de euros).
 
Não obstante, no caso do mercado espanhol, a melhoria dos dados até recuperar o nível de faturação anterior à crise sanitária vai esperar "até depois de 2021, tornando esta situação um problema estrutural", como aponta por seu lado a EY, no “Informe Sector Moda en España - Análisis del impacto de la crisis del Covid-19”. No país vizinho, a moda foi responsável por 2,6% do PIB em 2019 e 2020. E, de acordo com o “Informe Moda Baño Española” da Moda España, cerca de 2 mil pessoas dedicam-se em exclusivo ao vestuário de banho, enquanto um total de 7 mil funcionários trabalham para empresas de moda banho e outras linhas de negócios próximas, como lingerie e activewear.

França, Itália e Portugal, destinos das exportações espanholas


 
Neste setor, embora a China seja responsável por quase 50% das importações de moda de banho em Espanha, a maioria das exportações destinam-se a mercados europeus. Segundo dados dos especialistas em estatística Comtrade e Statista, mais de metade das exportações espanholas concentram-se em França (19%), Portugal (19%) e Itália (17%). Além disso, segundo dados da Moda España, França tornou-se em 2020 o principal destino das exportações espanholas de fatos de banho em malha de fibra, no valor de 7 milhões de euros. Já as importações do segmento de banho caíram 30,3% para 43,8 milhões de euros no primeiro trimestre de 2020, conforme destacam os últimos dados do ICEX.


Recinto da Expomeloneras, no qual se celebra o evento - GCSW


Na análise de tendências em crescimento, como no caso de outros segmentos da indústria, a sustentabilidade está no centro dos interesses das marcas, principalmente das emergentes. Assim, a demanda por Econyl, um tecido composto por 78% de poliamida reciclada e 22% de elastano, aumentou 307% nos últimos anos. No entanto, a utilização deste tipo de matéria-prima e os processos de fabrico amigos do ambiente têm implicado um aumento de 63% no preço final dos produtos, segundo dados da Moda España. Apesar da dinâmica de crescimento do compromisso responsável, a confederação de empresas espanholas também aponta que, até à data, apenas 20% da produção de modas de banho tem origem sustentável, enquanto os processos de produção responsáveis não ultrapassam os 2%.
 

Um evento para internacionalizar a produção da Gran Canaria


 
No caso específico da Gran Canaria, cujo objetivo consiste em “tornar-se um ponto-chave no sistema internacional da moda de banho” através dos seus desfiles, os designers locais querem defender a criação sustentável com as suas propostas de produção artesanal, local ou de quilómetro 0, bem como a utilização de materiais reciclados ou a produção sob demanda, limitando o excedente de stock. Entre os 38 designers e marcas que participaram nesta última edição (17 das Canárias, 10 da Península, seis internacionais e cinco da moda infantil), a organização quis premiar o trabalho de Elena Morales com o prémio de melhor coleção sustentável. A criadora local, formada em empresas como Ecoalf e Adolfo Domínguez, orgulha-se da sua “marca consciente” e de produzir “99% das coleções de forma ética, com materiais sustentáveis e um certificado ambiental”.


Desfile de Elena Morales, vencedora do prémio de melhor coleção sustentável - GCSW


No momento de avaliar os resultados da última edição do evento, a conselheira da Indústria, Comércio e Artesanato do Cabildo, Minerva Alonso, afirma com otimismo que "o objetivo foi alcançado". E saúda o reforço da digitalização das marcas participantes da imagem de Gran Canaria como destino turístico, graças à presença e ao "efeito multiplicador nas redes sociais" de Kerem Bürsin, o ator turco responsável por apadrinhar nesta ocasião a semana da moda.
 
Em entrevista à FashionNetwork.com, a conselheira explicou: “Este ano quisemos introduzir a componente turística, que é o que nos alimenta. Somos ilhas cujo PIB provém essencialmente deste setor, por isso a passarela e o turismo têm que andar de mãos dadas”. Minerva Alonso acrescentou ainda que, na sua estratégia de redes sociais, têm sido apoiados influenciadores da região, que "ajudam as vendas e a produção local". Iniciativas possíveis  e apoiadas por um programa de promoção, comercialização e produção que vai além da própria passarela, graças a um orçamento total de 1 milhão de euros, que contrasta com o meio milhão de euros que a plataforma tinha em 2015.

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