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Helena OSORIO
Publicado em
3 de mar. de 2021
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Situationist: construtivismo no Cáucaso

Traduzido por
Helena OSORIO
Publicado em
3 de mar. de 2021

O vídeo da coleção Situationist desta estação pareceu mais uma obra de antropologia da moda do que um lookbook: um olhar absorvente sobre a Geórgia, a pátria do designer da marca Irakli Rusadze.

Situationist - Forbidden Family


Um vídeo de seis minutos  revelado na terça-feira (2 de março), o segundo dia da Paris Fashion Week de 10 dias  que abriu com fotografias panorâmicas de uma floresta nevada pontilhada de cabanas velhas e enfeitiçantes; seguido de imagens de arquitetura soviética decadente, estátuas desmoronadas e pousadas de madeira degradadas.
 
A apresentação da coleção foi acompanhada por excelente música de batida de Nika Machaidze, num filme de moda intitulado Forbidden Family (Família Proíbida), realizado por Davit Giorgadze e Salome Potskhverashvili.

Fundado como um coletivo em 2016 em Tbilisi, capital da Geórgia, o Situationist sempre tentou revelar a cultura do seu país através da moda. Não é muito claro onde o vídeo foi filmado, mas é importante lembrar que na Guerra Russo-Georgiana de 2008, a Rússia bombardeou Tbilisi e anexou a região montanhosa vizinha da Ossétia do Sul, localizada no coração do Cáucaso, a encruzilhada entre a Europa e a Ásia.
 
Um primeiro modelo aparece na aldeia, um cavalheiro com um fato de treino verde claro; outras figuras esperam um não sei o quê nas varandas de madeira ressequida; ou lutam contra enormes nevões.
 

Situationist - outono-inverno 2021 - Foto: Situationist / Instagram


Rusadze é um colorista forte  como reflete o seu roupão / vestido de terylene violeta  e um cortador inventivo de gabardinas habilmente impermeáveis; sobretudos de couro quádruplos, ou grandes fatos de três ombros. Com grandiosos looks unisexo, a coleção é produzida internamente e fabricada localmente.
 
Dos modelos eurasiáticos, no encontro dos dois grandes continentes, deitados à deriva na neve profunda, ressalta aquela em vestido de malha vermelha e de saltos altos presa na neve pelo calçado. Há tanta neve que até um trio de vacas fica afundado.
 
Diante de um grupo de dançarinos tradicionais de aspeto extremamente orgulhoso em casacos pretos Choka com pregas, que dança de acordeão e punhais em punho à volta de uma beldade mal-humorada. Quase como uma dança cigana.
 
Tudo acaba num velho coreto totalmente destruído com um enorme mosaico de cavaleiros e guerreiros históricos georgianos; antes de surgir a imagem final de um personagem mais velho e duro num fato de gangster pós-moderno, sentado num sofá desgastado por baixo de uma bandeira americana, enquanto a equipa nacional de rugby georgiana joga um jogo transmitido pelo aparelho de TV sujo.
 
Tanto uma visão etnográfica da cultura deste designer (eventual crítica político-social) como uma declaração de moda; uma adição bem-vinda ao calendário francês; e outra razão pela qual Paris permanece em primeiro lugar entre iguais quando se trata de criatividade na moda.
 

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