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Portugal Textil
Publicado em
7 de out. de 2019
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Startup portuguesa entre as 12 revolucionárias da moda

Por
Portugal Textil
Publicado em
7 de out. de 2019

A moda é um processo de inovação constante e os últimos avanços têm-se focado na reciclagem das matérias-primas, tecnologia inteligente e design digital. A Fashion For Good apresenta agora doze inovações que poderão revolucionar o mundo da moda e entre elas está uma portuguesa.


Unspun, Spintex, Resortecs, PreSize, Sozie, Smartex, RE-NT, The Fabricant, Returnity, Cocoon Biotech e Frankie Collect


A portuguesa Smartex integra o grupo das doze empresas inovadoras que irão participar no programa Plug and Play Accelerator da Fashion for Good, que oferece aos criadores de startups a experiência e o acesso a financiamento para expandir os seus negócios. A tecnologia à base de sensores loT e sistemas de visão computacional e de inteligência artificial permite realizar uma inspeção em tempo real e detetar defeitos na produção de tecidos. «Podemos reduzir os defeitos na produção para 0%. Este sistema evita a perda de tempo de produção, de milhões de euros em material, de desperdício de pessoal – que não consegue ser totalmente eficiente – e poupando o ambiente», revelou Gilberto Loureiro, um dos fundadores da empresa, ao Dinheiro Vivo.

Desde 2017 que a plataforma Fashion For Good seleciona dois conjuntos de dez a quinze startups para integrar o programa intensivo de três meses. Na edição deste ano, um dos conjuntos é composto por um total de 12 inovações, que vêm oferecer soluções nas áreas do fitting, embalamento reutilizável, reciclagem e maquinaria reprogramável e inteligente.

Reciclagem e circularidade

A Cadel Deinking é uma empresa dedicada à reciclagem que desenvolveu um processo de remoção de estampados do plástico antes de proceder à sua reciclagem. Os estampados causam a degradação das propriedades mecânicas do produto, bem como da sua estética visual. Segundo a startup «o resultado do processo é um plástico livre de estampados com uma qualidade muito semelhante ao plástico novo», o que o torna apto a ser usado nas mesmas aplicações.

No âmbito do vestuário, a Frankie Collective, inspirada nos anos 90, recupera e retrabalha peças vintage, convertendo-as em artigos contemporâneos. «Temos em consideração os impactos da indústria do vestuário no ambiente e fazemos vários esforços para reduzir o desperdício em todas as fases do processo produtivo», explica a empresa no seu website. Deste modo, a empresa concentra-se no reaproveitamento de peças que, de outra forma, acabariam em aterros, bem como de todas as sobras têxteis acumuladas durante o processo produtivo, e no escoamento do stock para eliminar o desperdício.

Também a empresa alemã RE-NT oferece um serviço circular que passa pelo aluguer de vestuário, através da sua plataforma online. Os consumidores têm acesso às últimas tendências da moda, de diversas marcas, que continuam a conseguir interagir com o público, sem se envolverem nos processos de operações e logística.

A Resortecs produziu uma linha de costura dissolúvel para facilitar o arranjo e a reciclagem, denominada por Smart Stich. A remoção dos fechos zíper e dos botões durante o processo de reciclagem exige um trabalho manual que envolve não só muito tempo como também elevados custos. Esta inovação facilita a desconstrução da peça e permite que o tecido seja reaproveitado continuamente, através da dissolução do fio presente na costura, quando exposto a altas temperaturas. «Ponto a ponto, esta inovação traz uma nova vida à moda», afirma a empresa.

Produção e embalamento

Dentro da tecnologia de produção, a Cocoon Biotech oferece uma alternativa à seda tradicional, com o desenvolvimento de uma plataforma de biotecnologia projetada para produzir uma proteína de seda biocompatível. Esta plataforma dissolve a seda crua, os resíduos de seda pós-consumo e os resíduos da cadeia de abastecimento numa solução líquida de proteína para produzir materiais líquidos, gel e fibra.

Recentemente, também a Spintex investiu no fabrico de fibras de seda fortes fiadas a partir de uma solução de seda à base de água, parcialmente proveniente de fluxos de resíduos pré-consumo. A empresa acredita que a sua «tecnologia única não tem precedentes em todo o mundo e representa um rumo de produção sustentável e de custo e consumo de energia reduzidos».

Contudo, os impactos ambientais da indústria da moda não são exclusivos à fase da produção. Também o embalamento carrega a sua pegada ambiental, que a Returnity procura atenuar, através de uma nova embalagem de design customizado, reutilizável e reciclável para pessoas individuais e negócios. Esta solução, para além de personalizada, é impermeável, mais duradoura que o cartão ou o poliéster, segura, resistente a roubos e 50% mais barata.

Moda digital

A The Fabricant é especialista em design de moda e animação 3D em realidade fotográfica. Segundo a empresa, «a imaginação é o nosso único atelier e as nossas histórias da moda são livres dos constrangimentos do mundo material». As suas produções podem ser usadas para editoriais de moda digital, roupa digital ou até mesmo em coleções ocasionais.

Recentemente, a PreSize apresentou uma tecnologia de digitalização do corpo 3D que recorre à câmara de um smartphone para estimar os principais pontos do corpo, no sentido de alcançar um alto nível de precisão nas medições.

Além desta, a Sozie criou um sistema que guarda comentários dos consumidores sobre o ajuste e estilo das roupas para perceber as suas necessidades e corresponder ao seu tipo e tamanho do corpo. Os clientes têm 24 horas para encontrar peças de vestuário nas lojas e avaliá-las com fotografias e comentários, o que permite à empresa criar uma biblioteca de preferências dos clientes, à qual os lojistas têm acesso, para encontrar peças que favoreçam a sua forma.

A Unspun integra a última startup deste grupo pela tecnologia que recorre a algoritmos de digitalização e ajuste 3D para gerar o tamanho digital do consumidor. Usando as informações 3D, os consumidores criam uns jeans personalizados, reduzindo a acumulação de stock e o desperdício, ao mesmo tempo que prolongam a vida útil das peças de vestuário.

Ao longo das próximas semanas, as inovações selecionadas irão participar num conjunto de atividades que incluem orientação e conhecimento do sector, avaliações de impacto, suporte financeiro e validação de mercado para estimular a sua implementação em grande escala.

Os programas da Fashion for Good são suportados pelos parceiros Fundação C&A Foundation, Adidas, C&A, Best-seller, Grupo Galeries Lafayette, Kering, Otto Group, PVH Corp., Stella McCartney, Target e Zalando.

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