Helena OSORIO
13 de mai. de 2021
Tiara real e maior safira de Caxemira experimentadas no Instagram brilham em leilão da Sotheby's Genève
Helena OSORIO
13 de mai. de 2021
Uma tiara real da Casa de Saboia (ou Savoia) que se tornou possível a todos experimentar via Instagram – e a maior safira de Caxemira jamais leiloada – foram vendidas por milhões de francos suíços (CHF) cada, na terça-feira (11 de maio). A tiara ficou por CHF 1,500,000 (1,66 milhões de dólares) e a safira, por CHF 3,529,000 (3,9 milhões de dólares), por ocasião do leilão destes tesouros históricos realizado na Suíça pela Sotheby's Genève.
A tiara foi preservada na coleção de joias da Casa de Saboia, durante mais de 150 anos. Trata-se de uma das mais antigas famílias nobres europeias, presentes desde o século X, no território do reino de Borgonha, onde fundou um condado no século XI que passou a ducado no século XV. Esta dinastia real estabelecida em 1003 na região histórica da Saboia cresceu no poder, passando de governar o pequeno condado alpino a noroeste de Itália ao domínio absoluto do reino da Sicília em 1713 a 1720, quando lhe foi entregue a ilha da Sardenha.
A referida tiara histórica, datada da segunda metade do século XIX – com formas em espiral cravejadas de diamantes e pérolas naturais – foi oferecida como presente a Maria Vittoria dal Pozzo, aquando do seu casamento em 1867 com Amedeo I, duque de Saboia, mais tarde rei de Espanha (de 1867 a 1876). A rainha consorte Maria Vittoria faleceu aos 29 anos, em Sanremo (Itália); a tiara passou para os filhos e o rei Umberto II de Itália comprou-a a um dos primos para a manter na coleção da família. A tiara acabou, depois, por ser adquirida por um colecionador asiático.
Como informou Benoit Repellin, especialista em joias da Sotheby's Genève, que presidiu o leilão: “Combinando dois símbolos antigos de riqueza e status (pérolas naturais e coroa), a tiara resume todo o esplendor, poder e presença associados a joias reais”.
Segundo a leiloeira, este diadema de pérolas e diamantes é um dos mais importantes que apareceram no mercado nos últimos anos. Apresenta uma sucessão de 11 motivos de volutas graduados; cada motivo com uma pérola natural rodeada por diamantes lapidados antigos. O topo repousa sobre uma faixa destacável composta por conjuntos e motivos de barra com diamantes em forma de almofada.
Por sua vez, os motivos em espiral são destacáveis e podem ser usados como colar. Neste âmbito, a Sotheby's salienta que os colecionadores não só apreciam as tiaras pela história e arte, mas também pela versatilidade de se poderem desmontar e usar de várias maneiras.
Como chave para atrair o interesse de uma nova geração, a Sotheby's criou um filtro de realidade aumentada (AR), para o Instagram, o que permitiu às pessoas experimentar virtualmente a tiara e tirar uma foto de si mesmas, no cenário a 360 graus do palácio setecentista Palazzina di Caccia di Stupinigi em Turim. Palácio, esse, também muito representativo, que foi ampliado a partir de um pequeno castelo medieval da família Saboia-Acaia entre 1773 e 1796. Faz atualmente parte do circuito de residências da Casa de Saboia no Piemonte, como Património da Humanidade pela UNESCO proclamado em 1997.
Mais de 22.000 pessoas tiraram assim partido da inovação, nomeadamente influencers de joias, jornalistas e muitos dos 3,8 milhões de assinantes da Sotheby's, que se registram para ostentar a tiara AR.
"O preço alcançado hoje é testemunho não só do seu cunho artesanal excecional e da qualidade dos materiais, que a tornam uma verdadeira obra de arte, mas também da ressonância histórica e emocional."
Os leiloeiros em geral confirmam ter testemunhado uma procura global sem precedentes de joias da realeza, particularmente por parte de clientes mais jovens na Ásia. Os colecionadores do referido continente compraram um terço das tiaras vendidas pela Sotheby's nos últimos cinco anos. Contudo, a leiloeira confirmou ter sido este um dos valores mais elevados pagos por uma tiara nos últimos anos.
A tiara foi vendida juntamente com a safira de Caxemira em forma de almofada, uma joia de 55,19 quilates, que figurava anteriormente na coleção de Maureen Constance Guinness. A socialite londrina ligada à família cervejeira anglo-irlandesa Guinness que, por casamento com um primo, se tornou marquesa de Dufferin e Ava, faleceu em 1998 aos 91 anos. A bela Maureen foi a mais famosa e mediática das três irmãs conhecidas como Guinness Golden Girls.
As safiras de Caxemira (região do norte do subcontinente indiano, atualmente dividida entre a Índia, Paquistão e China) são muito raras com mais de 30 quilates. Após a sua descoberta no início da década de 1880, a extração de safiras de Caxemira decorreu num curto período de tempo, entre 1882 e 1887, tornando estas pedras preciosas algumas das mais cobiçadas no mercado.
Para além do tamanho excecional e distinta procedência, o alfinete leiloado distinguiu-se pelo rico matiz azul flor de milho e textura suave e aveludada, que torna as safiras de Caxemira tão distintas e desejadas – informou a Sotheby's na conta de Instagram.
"As safiras de Caxemira estão entre as pedras preciosas de cor mais rara conhecidas pelo homem", reforçou Repellin. "O resultado também reflete a crescente procura de pedras preciosas de alta qualidade e tamanho excecional, uma tendência que foi evidente durante toda a venda".
Esta peça rara dos anos 1930 – acompanhada por outra safira de 25,97 quilates da mesma origem – foi adquirida pelo joalheiro inglês Laurence Graff, de ascendência judaica por via de mãe romena e pai russo. Graff foi agraciado com a honraria de Officer of the Order of the British Empire (OBE), pelos serviços prestados no ramo da joalharia, mormente com a Graff Diamonds que fundou em 1960.
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