Tom Ford atinge clímax na New York Fashion Week com a elegância Flower Power

No término de uma New York Fashion Week (NYFW), obcecada pelo escape e pelo otimismo, os estilistas lutavam para dar sentido ao seu papel no meio da pandemia, e ninguém recuou tanto a uma época mais feliz, como Tom Ford, que terminou a noite de quarta-feira (16 de setembro) com uma ode à exuberância dos anos 70 e elegância Flower Power.

Numa nota de programa, Tom Ford admitiu mesmo que, durante o encerramento, "a ideia de conceber uma coleção parecia frívola quando tantas coisas importantes e perturbadoras estavam a acontecer no mundo. As nossas lojas estavam todas fechadas e a própria moda parecia apenas uma extravagância. Era difícil concentrarmo-nos e inspirarmo-nos".

Com efeito, Ford olhou para aquela era Halcyon, entre o nascimento da pílula no início dos anos 60 e a investida da SIDA em 1981, "quando a vida parecia ser mais despreocupada", referindo-se a modelos icónicos como Donna Jordon e Pat Cleveland, e revelando que uma vez tinha fotografado esta última. "A sua energia deixou-me literalmente pedrado. Acabámos de fotografar por volta das duas da manhã e, na verdade, demorei horas a acalmar-me o suficiente para dormir. Senti-me como se tivesse estado a snifar cocaína toda a noite e isto foi anos depois de me ter tornado sóbrio. A Pat é uma inspiração. A sua energia é uma inspiração. Ela é alegre e inspiradora".

O resultado foi hiper-floral em calças, blusas e camisas cortadas debaixo da garganta, tudo de seda; tops de zebra, chita ou leopardo super alegres, para jovens determinadas a divertirem-se de verdade. Quando Tom propôs um aspeto monocromático, fê-lo em roxo, azul elétrico e rosa deslumbrante. Brincando com o glamour decadente das ilustrações de Antonio Lopez e a sua obsessão por donzelas sensuais do centro da cidade americana, o livro de look de Ford capturou os modelos em poses de peacocky, excitados, todos com enormes sorrisos, todos com maquilhagem brilhante.

Nesta primavera, com os seus espaços fechados em Itália e Los Angeles (LA), Ford escondeu-se em LA, vestido (admitiu) com as mesmas calças de ganga e camisa de ganga sujas.

"Penso que todos podemos sofrer um agravamento da depressão global (tanto financeira como psicológica). Pensei saltar completamente a estação... Sinceramente, senti que a moda devia hibernar durante um ano", queixou-se o estilista texano, que acabou por convidar amigos íntimos, dois de cada vez, para jantares estritamente à distância social. Surpreendido que os seus convidados masculinos tivessem feito um esforço para "lavar o cabelo", e que as mulheres tivessem feito, também, um grande esforço para se vestirem bem. Em resposta, Ford preparou vários caftans às riscas em tons vulcânicos para a noite. Enquanto que, para almoços à volta das piscinas californianas, mostrou grandes e maravilhosos xailes de gravata que Janis Joplin teria adorado.

Ford vestiu os seus rapazes como irmãos do elenco feminino, na mesma mistura de estampas com espécies de fauna e flora, adicionando uma série de fatos Disco Dragon e alguns casacos de couro muito elegantes e brilhantes, em tons de vermelho sangue e azul escuro.

Tudo dito, esta foi uma das coleções mais seguras e atraentes de Ford, desde que lançou a sua própria casa em 2006, mesmo se, dada a tragédia de saúde que nos rodeia a todos, a moda não parece ser muito importante nestes dias. E, no entanto, ao ressuscitar para tempos melhores, quando o mundo parece abençoado com infinitas possibilidades, estas roupas, parecem muito acertadas.

Tom Ford atinge clímax na New York Fashion Week com a elegância Flower Power

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