Agência LUSA
16 de mai. de 2023
Trabalhadores da Ecco protestam sexta-feira contra despedimento de delegada sindical
Agência LUSA
16 de mai. de 2023
Trabalhadores da Ecco concentram-se na sexta-feira à porta da empresa de Santa Maria da Feira em protesto contra o despedimento da delegada sindical, que, entre os 42 funcionários dispensados em março, é a única a contestar judicialmente a rescisão.

A iniciativa foi revelada à Lusa por Fernanda Moreira, que, enquanto presidente do Sindicato Nacional dos Profissionais da Indústria e Comércio de Calçado, Malas e Afins (SNPIC), anuncia para o protesto a presença da secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha.
“Vamos demonstrar a nossa solidariedade para com a delegada e dirigente sindical Susana Bastos, que é a pessoa que a Ecco queria visar com o despedimento coletivo anunciado em março, depois de ela ter denunciado situações de assédio laboral na empresa”, refere a porta-voz da delegação distrital de Aveiro do SNPIC.
Fernanda Moreira diz que os outros 41 trabalhadores do departamento de amostras da fábrica portuguesa chegaram a acordo com a multinacional originária da Dinamarca, aceitando uma indemnização financeira “com condições mais vantajosas” do que as previstas na lei. “Quem aceitou o acordo vai receber 1,4 meses de salário por cada ano de casa, em vez de ficar só com o correspondente a 12 dias, e assinou um documento em que se compromete a não contestar a decisão judicialmente”, explicou.
Para o sindicato, o problema é, contudo, “a desigualdade de tratamento” por parte da Ecco, já que, “antes de a empresa selecionar os 42 funcionários a mandar embora, deu a outras pessoas da mesma secção a oportunidade de serem recolocadas noutras funções, mas nunca fez isso com a Susana nem com os outros 41”. “É por isso que ela vai para tribunal”, afirmou Fernanda Moreira.
A presidente do SNIPC argumentou, aliás, que, caso os despedimentos fossem realmente necessários para reformulação da empresa, o departamento de amostras não seria o único afetado. “O que fazia sentido era analisar todos os recursos humanos da fábrica e dispensar, entre esses, apenas os de menor antiguidade”, defendeu, “mas eles concentraram-se só naquele grupo para poderem despachar a Susana”.
Em março já a designada EccoLet Portugal rejeitara as acusações do sindicato. “Explorámos todas as possibilidades no sentido de realocarmos os colaboradores abrangidos por esta medida e alguns deles serão transferidos para novas funções”, declarava então a direção da empresa à Lusa, justificando que, após esses esforços, 42 era o número de funcionários para os quais não havia alternativa dentro da fábrica.
AYC // JAP (Lusa)
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