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Estela Ataíde
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2 de set. de 2019
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Trump inflige novas tarifas sobre a China

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AFP
Traduzido por
Estela Ataíde
Publicado em
2 de set. de 2019

AFP - Tarifas adicionais de milhares de milhões de dólares em produtos chineses entraram em vigor no domingo nos Estados Unidos, com Donald Trump determinado a arrancar um acordo comercial de Pequim.


AFP


Estas tarifas aduaneiras de 15% incidem sobre parte dos 300 mil milhões de dólares em mercadorias importadas da gigante asiática que anteriormente haviam sido poupados pelas anteriores medidas americanas. As tarifas entraram em ação à 00h01, hora local (04h01 GMT). O presidente republicano, em campanha por um segundo mandato, ignorou os muitos alertas sobre o potencial impacto negativo na economia e nos mercados.
 
Os produtos visados abrangem uma gama muito vasta de produtos, nomeadamente do setor alimentar (ketchup, carne de bovino cortada, enchidos de porco, frutas, legumes, leite, queijos, especiarias, gelados, etc.). Alguns artigos desportivos, como tacos de golfe, pranchas de surf ou bicicletas, instrumentos musicais, roupa desportiva, móveis, pratos ou até cadeiras altas para criança também serão igualmente taxados, de acordo com a lista oficial.

Economistas do Peterson Institute for International Economics, um grupo de reflexão com sede em Washington, estimaram o valor dos produtos que estarão sujeitos a estas novas tarifas em 112 mil milhões de dólares. Estes somam-se aos mais de 250 mil milhões de dólares em produtos chineses que já haviam sido alvo de taxas adicionais. E, até ao final do ano, todas as importações provenientes da China (cerca de 540 mil milhões com base nas de 2018) serão alvo de uma sobretaxa com uma parte final prevista para 15 de dezembro.

Pequim planeia retorquir aumentando as tarifas aduaneiras sobre 75 mil milhões de dólares em bens americanos em dois tempos e nos mesmos prazos.
 
Havia pouca esperança de que Donald Trump mudasse de ideias desde que, na noite de sexta-feira, este descartou a ideia de as adiar para uma data posterior. No entanto, pareceu acalmar os ânimos garantindo que as negociações entre Washington e Pequim estavam a decorrer. "Não posso dizer nada, mas estamos a dialogar com a China", afirmou. "Estamos em conversações a China, há reuniões agendadas, estão a ser feitas chamadas", continuou. "Acho que a reunião de setembro ainda se mantém relevante, não foi cancelada, vamos ver o que acontece."
 
Consumidores penalizados?

Até ao momento, o lado chinês não confirmou a realização de tais conversas ou reuniões. Desde março de 2018, o presidente embarcou numa guerra aduaneira implacável para impor um tratado que visa por fim às práticas comerciais desleais, como a transferência forçada de tecnologias americanas e o financiamento massivo de empresas estatais chinesas. Até agora, essa estratégia provou ser ineficaz, embora pese bastante na economia chinesa. Recusando-se a negociar sob ameaça, Pequim mostra-se inflexível. Uma nova escalada de tarifas afetará provavelmente gravemente o crescimento económico da China e alertou recentemente o Fundo Monetário Internacional (FMI).

E, além da China, a economia do planeta, amplamente sustentada pelo comércio, irá deteriorar-se, alertou repetidamente a instituição.

Nos Estados Unidos, a expansão está a desacelerar. Mas, Donald Trump acredita que as tarifas "não são o problema", incriminando ardentemente a política monetária do Banco Central.
 
A incerteza sobre o resultado deste conflito pesa agora sobre os investimentos das empresas e a moral das famílias americanas. A confiança do consumidor registou em agosto a maior deterioração desde dezembro de 2012, de acordo com uma pesquisa da Universidade do Michigan. "Os dados indicam que a erosão da confiança do consumidor devido às políticas tarifárias já está em andamento", explicou Richard Curtin, economista que lidera a pesquisa bimensal.

Sinal de que o governo Trump poderá ter alguns receios relativamente ao impacto desta nova escalada: alguns produtos emblemáticos das compras de Natal não serão tributados até 15 de dezembro. É o caso de telefones e computadores portáteis, consolas de vídeo jogos, alguns brinquedos, ecrãs de computador ou ainda algum calçado e roupa desportiva. Nos Estados Unidos, o consumo gera 75% do crescimento económico.

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