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Ucrânia: calçado teme impacto da invasão num "ano de afirmação" internacional do setor

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Agência LUSA
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4 de mar. de 2022

As vendas de calçado português para a Rússia e Ucrânia somaram 14,8 milhões de euros em 2021, representando menos de 1% das exportações do setor, que está, sobretudo, preocupado com o impacto da invasão russa na economia global.


Foto: DR


“O conflito na Ucrânia ocorre precisamente numa altura em que as perspetivas para o setor do calçado eram fracamente positivas. Se é verdade que o último trimestre de 2021 foi o melhor de sempre para o calçado português, para 2022 havia sinais claros de se tratar de um ano de afirmação do calçado português nos mercados internacionais”, disse à agência Lusa o diretor de comunicação da Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS).

“Esperamos poder confirmar estes sinais, mesmo tendo em conta que o cenário mudou de forma dramática na última semana”, acrescentou Paulo Gonçalves.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), as exportações totais de bens portugueses para a Rússia aumentaram 0,6% em 2021, face a 2020, para 178,4 milhões de euros.

Entre as categorias mais vendidas a Moscovo destacam-se os produtos agrícolas (peso de 16,6% do total exportado em 2021), a madeira e cortiça (15,8%), as máquinas e aparelhos (13,3%), os bens alimentares (13%) e o calçado (7,6%).

De acordo com a APICCAPS, no ano passado as exportações do setor para a Rússia somaram perto de 13,5 milhões de euros, tendo recuado 19,5% face ao ano anterior.

Já para a Ucrânia, as vendas situaram-se nos 1,3 milhões de euros e registaram uma quebra de 18,9% relativamente a 2020.

“Estes dois mercados representam menos de 1% das exportações do setor e contrariam a tendência de acréscimo que o setor do calçado registou em 2021 em praticamente todos os mercados”, nota Paulo Gonçalves.

Destacando que a indústria portuguesa de calçado exporta mais de 95% da sua produção para 163 países dos cinco continentes e “não está, felizmente, dependente de nenhum mercado em particular”, o diretor de comunicação da APICCAPS reforça que, face ao peso “residual” das vendas setoriais quer para a Rússia, quer para a Ucrânia, o calçado teme, sobretudo, “as consequências do conflito a nível da economia global”.

As exportações de bens portugueses para a Rússia avançaram 0,6% em 2021, em termos homólogos, para 178,4 milhões de euros, e as importações mais do que duplicaram para cerca de mil milhões de euros, segundo dados do INE.

No ano passado, as compras de Lisboa a Moscovo atingiram os 1.067 milhões de euros, uma subida de 108,2%, o que corresponde a um saldo da balança comercial negativo para Portugal de 889,5 milhões de euros.

Em 2021, Moscovo era o 37.º cliente de Lisboa e seu 13.º fornecedor. Um ano antes, Portugal era o 86.º cliente da Rússia e o seu 54.º fornecedor.

Em 2020, as empresas portuguesas que exportavam para aquele mercado totalizavam 572, menos 54 do que em 2019 (626), altura em que se registou o maior número de exportadoras nacionais desde 2016.

Os cinco grupos de produtos mais vendidos a Moscovo são os agrícolas (peso de 16,6% do total exportado em 2021), madeira e cortiça (15,8%), máquinas e aparelhos (13,3%), alimentares (13%) e calçado (7,6%).

As exportações de produtos agrícolas totalizaram 29,6 milhões de euros no ano passado, o que representou uma queda homóloga de 4,3%, seguidos da madeira e cortiça, cujas vendas recuaram 7,4% para 28,3 milhões de euros.

Já as exportações de máquinas e aparelhos ficaram praticamente estáveis (0,3%) nos 23,7 milhões de euros, enquanto as vendas de produtos alimentares registaram uma quebra de 16,8% para 23,2 milhões de euros.

Em termos de grupos de produtos comprados a Moscovo, os combustíveis minerais lideram, com um peso de mais de dois terços (68,2%), seguidos dos metais comuns (10,3%), químicos (7,3%), agrícolas (5%) e plásticos e borracha (4,4%).

As importações de combustíveis minerais somaram 728,6 milhões de euros, mais do que duplicando (165%), e as de metais comuns totalizaram 110,1 milhões de euros, uma subida de mais de 103,9%.

As compras de químicos progrediram 3,6% para 78,3 milhões de euros, enquanto as de produtos agrícolas decresceram 15,6% para 53,1 milhões de euros. As importações de plásticos e borrachas subiram 240,2% para 47,2 milhões de euros.

Na madrugada de 24 de fevereiro, a Rússia lançou uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de 100 mil deslocados e pelo menos 836 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.

PD (ALU) // CSJ (Lusa)

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