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Portugal Textil
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2 de jul. de 2018
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Um Qioske português para o mundo

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Portugal Textil
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2 de jul. de 2018

Chama-se Qioske e quer levar o design de produto português mais longe. O projeto, fundado por dois jovens portugueses recém regressados do estrangeiro, combina vendas online com o desenvolvimento de negócios e é uma montra para artesãos e designers nas áreas da decoração, lifestyle e moda.


Foi ainda em Moçambique, onde estiveram 11 anos com posições relevantes na área do marketing, comunicação, publicidade e gestão, que Vânia Gonçalves e Sérgio Inglês perceberam o valor do design nacional. Quando regressaram a Portugal, instalaram-se na cidade de Aveiro e, a partir daí, criaram um projeto que destacasse o know-how português no design de produto.

«Uma decisão que tomámos ainda antes do regresso foi criar algo que fosse nosso, que nos permitisse aplicar todo o conhecimento que ganhámos e valor que sabemos que temos, sem ter que estar literalmente dependentes da condição humana de “assalariados” para a vida», explica ao Portugal Têxtil Sérgio Inglês.

Ainda a ponderar o próximo passo, o ato corriqueiro de decorar a casa acabou por ser o “clique” para criar o negócio. «Descobrimos que sempre que pesquisávamos online por qualquer tipo de artigo de decoração ou acessórios de cozinha, iluminação, cadeiras, sofás, fosse o que fosse, havia uma oferta tremenda de portais de venda, com artigos de Espanha, Itália, China, etc., mas que só conhecendo as marcas conseguíamos encontrar algo que precisávamos. Fez-se luz nesse dia. Se eu, como português, compro online produtos feitos e desenhados em todo o mundo, de certeza que qualquer pessoa noutra geografia deveria ter acesso ao que fazemos por cá», acrescenta.

O resultado foi o Qioske, que, ao mesmo tempo, é uma plataforma de promoção dos designers portugueses, uma loja online que gere a distribuição, o embalamento e o pós-venda diretamente com o consumidor final e também «uma espécie de “business developers” para os designers e produtores locais», revela o empresário.

Atualmente, estão integrados na Qioske (disponível em https://qioske.com) vários designers e marcas, incluindo a Emanuel Rufo, especialista em brinquedos artesanais, a Orikomi, com artigos de decoração em papel, a Musgo, com soluções de iluminação, a Minimal Cork, produtora de artigos de decoração e acessórios em cortiça, e a Ecolã, com mantas em lã e burel.

Para entrar na plataforma, os designers têm de ser portugueses – mesmo que estejam noutra parte do mundo –, ter capacidade de produção e de entrega de produtos de elevada qualidade. «Não têm de ter um portefólio extenso. Basta terem um único produto incrível que queiram vender e nos garantam que conseguem ir satisfazendo encomendas com tempos de resposta específicos, em quantidades mínimas», sublinha Sérgio Inglês.

De dentro para fora

Embora os primeiros passos estejam a ser dados em Portugal, a ideia passa por levar os designers nacionais lá para fora, até porque, como sentiram os mentores do Qioske, há procura internacional pelo “made in Portugal”.

«Moçambique, apesar da relação centenária com Portugal e de partilhar a língua, é um verdadeiro turbilhão cultural e linguístico e a aproximação a uma das maiores potenciais económicas do mundo e a maior do continente, fazem com que a presença de marcas e produtos sul-africanos seja uma constante. O que nos impressionou desde cedo é que, apesar dos produtos portugueses terem menor expressividade no início e o custo ser substancialmente mais elevado, grande parte dos moçambicanos e portugueses de classe média-alta preferiam os nossos produtos», refere Sérgio Inglês.

«Agora algo que não se encontra facilmente por lá são exatamente produtos de design, sejam simples candeeiros ou tapetes. Há um mercado local regional muito forte e bem fixo em todos os países daquela região, pelo que, sem dúvida, China e África do Sul ganham pontos a Portugal na forma como dinamizaram a penetração dos seus produtos e marcas destes segmentos, pelo preço e design», afirma.

Como tal, «julgo que o conceito é simples. Se alguém paga substancialmente mais por um produto alimentar ou de moda português, só pela qualidade e pelo facto de ser português, a razão para não se encontrar tantos produtos disponíveis nestas regiões só pode passar pelo facto de não haver uma dinâmica de promoção e venda ou alguém a alinhar parcerias a nível internacional de forma conjunta», considera o empresário.

Por isso, acredita, «é preciso comunicar e vender Portugal, para quem não é português, que fala uma língua que não a nossa e que quer receber os produtos à porta de casa».

E tal como o nome – que pelo «facto de estar escrito de uma forma completamente diferenciada foi tanto um escape para nos permitir registar a marca, ter um domínio disponível para o mundo, como uma forma de sermos únicos» – o projeto quer ser, acima de tudo, diferenciador e, com um passo de cada vez, chegar aos mercados internacionais.

«Isto é uma maratona e se houve algo que aprendi ao longo dos anos, nos diversos cargos que ocupei, foi que podemos até ir rápido, mas nem sempre chegamos todos juntos, nem em condições de aproveitar o destino. É uma viagem que começou agora mesmo e que já tem no plano uma divulgação intensiva nos principais mercados da União Europeia, em Portugal via redes sociais e via alguns meios mais tradicionais, com campanhas dirigidas a tipologias de produto muito específicas. A médio prazo, é ter presença em feiras de design internacionais, as parcerias fechadas com lojas físicas para distribuição, designers de interior, arquitetos e revistas da especialidade. Se tudo correr bem, queremos ao final de dois anos já possuir o maior catálogo de designers portugueses, um anuário com os melhores produtos e designers de cada ano por região do país, entre outras coisas», enumera Sérgio Inglês.

No fundo, resume, «ser o melhor portal para a promoção e venda de produtos de design português, a nível internacional».

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