
Helena OSORIO
21 de out. de 2021
Valentim Quaresma: uma joia que prende o momento no Museu da Farmácia

Helena OSORIO
21 de out. de 2021
O colar de tubos de ensaio de Valentim Quaresma mais parece a soma de experiências vagas acumuladas num corpete ou colete saído de um laboratório de investigação. Pode ser visto até 21 de novembro, na exposição coletiva temporária patente no Museu da Farmácia, em Lisboa, juntamente com obras de outros artistas nacionais e internacionais. Integrada na I Bienal Internacional de Joalharia Contemporânea de Lisboa, a mostra intitulada Cold Sweat (Suor Frio) apresenta joalharia contemporânea, performance, escultura, fotografia e filme.

Esta peça de Quaresma insere-se num conjunto de mais de 20 peças de joalharia contemporânea realizadas nos últimos 20 anos por artistas de diferentes realidades e contextos culturais, que “dialogam com objetos da coleção permanente do Museu da Farmácia, entre os quais se contam recipientes pré-colombianos, uma máscara de curandeiro africano ou um laboratório de farmácia do século XX”, informou a organização.
E perguntamos: como pode dizer tanto, uma só obra aparentemente simples e mais próxima de uma indumentária do que de uma peça de joalharia ou até mesmo de uma de cariz escultórico?
O material usado condiciona a peça, aproximando-a mais da escultura, mas como vimos na ultima edição da ModaLisboa - Lisboa Fashion Week, Quaresma trabalha sempre estas formas grandes como acessórios significativos que transformam radicalmente os looks. A última coleção intitulada Perdido no Tempo, que reflete o estado de alma do criador, também se relaciona de alguma forma com o colar exposto no museu.
Para a exposição da I Bienal Internacional de Joalharia Contemporânea de Lisboa, Valentim Quaresma e outros criadores de várias áreas e nacionalidades (Agnieszka Knap, Alberto Gordillo, Ana Cardim, Carla Castiajo, Christoph Zellweger, Diana Silva, Inês Nunes, Kukas, Miriam Mirna Korolkovas, Nininha Guimarães dos Santos e Typhaine Le Monnier) trabalharam o tema “Corpo, Medo e Proteção”, o que por si só explica tudo.

Quaresma tem participado em várias coletivas de arte e joalharia pois, antes de se lançar na moda como designer, já era joalheiro formado pela Escola Artística António Arroio e pelo Ar.Co (Centro de Arte & Comunicação Visual).
Nesta peça em particular, sentimos a pressão de um colete de forças elevado a escultura, mas ao mesmo tempo convidando a uma experiência leve e experimental, como sugerem a transparência dos tubos de ensaio e a sua disposição solta do pescoço à cintura, se bem que concentrada e limitada a um busto sem cabeça. Porventura a ausência de algo, que a bem dizer se veste (ou pode vestir) e disfarça o vazio.
Afinal, uma obra que leva à reflexão numa exposição organizada pela PIN - Associação Portuguesa de Joalharia Contemporânea, em parceria com o Museu de São Roque da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, o MUDE – Museu do Design e da Moda, Coleção Francisco Capelo e o Museu da Farmácia.
Mais salientamos que Valentim Quaresma apresenta as coleções em pontos de venda estratégicos de Lisboa (Griffehairstyle no número 63 da rua da Atalaia e Rita Salazar Store, no 16E da avenida de Roma), de Mons na Bélgica (Cache-Mire no número 40 da Rue des Capucins) e de Hong-Kong na China (Harvey Nickols na Pacific Place e na Central-Landmark).
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