Reuters
Estela Ataíde
31 de jan. de 2018
Vendas da Safilo continuam a ressentir-se da rutura com a Gucci
Reuters
Estela Ataíde
31 de jan. de 2018
A empresa italiana de óculos Safilo afirmou que o seu lucro ajustado de 2017 irá reduzir para metade em comparação com o ano anterior, após as vendas do quarto trimestre caírem mais do que o esperado devido ao cancelamento do contrato de licença com a Gucci.
O grupo de luxo francês Kering, proprietário da Gucci, converteu o contrato de licença no valor de 350 milhões de euros que tinha com a Safilo num acordo de produção de quatros anos, e criou o seu próprio negócio de óculos para ter um maior controlo da distribuição e das margens de lucro.
A Safilo, proprietária das marcas Carrera e Polaroid, reportou vendas líquidas de 249 milhões de euros no quarto trimestre, uma descida de 16,9% em relação ao ano anterior em moeda constante.
A empresa afirmou que a perda da licença da Gucci foi responsável por 44 dos 53 milhões de euros de declínio anual nas vendas do quarto trimestre.
Na sequência dessa queda, a Safilo espera que o lucro ajustado do ano inteiro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (EBITDA) fique na faixa entre 38 e 40 milhões de euros, contra os 88,8 milhões de euros do ano anterior. A Safilo deverá apresentar uma atualização do seu plano de negócios quando publicar os seus resultados finais de 2017 a 14 de março.
As vendas do ano inteiro totalizaram 1,05 mil milhões de euros, uma queda de 15,5% em relação a 2016, visto que a perda da Gucci foi agravada por uma rutura nas entregas no principal centro de distribuição da Safilo, em Pádua, Itália, relacionada com questões de IT, e pelos furacões nos Estados Unidos.
Considerando as conversões cambiais, as vendas anuais caíram 16,4%. Numa pesquisa, analistas da Thomson Reuters haviam previsto em média uma receita anual de 1,08 mil milhões de euros.
A Safilo é o segundo maior grupo produtor de óculos do mundo depois da Luxottica, que na segunda-feira reportou um aumento de 2% nas vendas de 2017 para 9,16 mil milhões de euros, com um quarto trimestre forte. Aumentando a pressão sobre a Safilo, espera-se que a Luxottica receba em breve luz verde das autoridades para a concorrência dos Estados Unidos e União Europeia para a sua fusão de 50 mil milhões de euros com a fabricante de lentes Essilor.
Rejeitando a especulação na imprensa italiana que indica que a Safilo poderá tornar-se alvo de uma aquisição neste ambiente de intensa competição, uma porta-voz do grupo disse na segunda-feira que o principal investidor, a HAL Holding, não tem atualmente quaisquer planos de alterar a sua participação.
A Safilo, que perdeu também a licença da marca Céline, do grupo LVMH, reportou uma queda de 3,7% nas vendas no quarto trimestre das marcas que continuará a produzir – este número exclui as marcas que a Safilo deixou ou deixará de vender sob licença.
Seguindo os passos da Kering, a LVMH comprou uma participação de 10% na Marcolin no ano passado. A parceria entre o maior grupo de luxo do mundo e a Marcolin poderia custar à Safilo outras licenças da LVMH, incluindo o importante acordo com a Dior, uma licença que expira em 2020. A Safilo afirmou que as vendas dos óculos da marca Dior caíram em 2017 após vários anos de crescimento sólido.
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