Vendas globais de luxo poderão voltar a níveis pré-Covid já este ano

O setor dos bens de luxo poderá restabelecer-se do impacto da crise do coronavírus COVID-19 já este ano, uma vez que os compradores chineses e norte-americanos ajudam as vendas a recuperar para níveis pré-pandémicos, informou a consultora Bain & Company, na segunda-feira (17 de maio).

A Bain & Company vê agora uma probabilidade de 30% de que as vendas de bolsas, roupas e joias de alta qualidade voltem ou ultrapassem o seu nível de 2019 de 280 mil milhões de euros (340 mil milhões de dólares), este ano, dependendo da rapidez com que as vacinas forem lançadas e o turismo for aberto.

O cenário mais provável é de uma recuperação total em 2022, o que ainda implicaria uma convalescença mais rápida do que a prevista pela Bain em novembro, quando afirmou que o setor poderá ter de esperar até 2023 para colocar completamente a crise atrás das costas.

As vendas de bens de luxo caíram 23% para 217 mil milhões de euros no ano passado, a sua maior queda de sempre e o primeiro declínio desde 2009, à medida que a pandemia forçou o encerramento de lojas e paralisou virtualmente o turismo internacional.

Mas a crise não parece ter tido um impacto duradouro no apetite dos consumidores e no poder de compra de produtos de alta gama.

O aumento das vendas na China, o maior mercado para produtos de luxo, e uma recuperação mais forte do que o esperado dos EUA – graças a um grande programa de estímulos – ajudaram as receitas a recuperar acentuadamente no primeiro trimestre de 2021.

"O mercado dos EUA tem sido o ponto brilhante inesperado", acrescentou a Bain. Pelo contrário, a Europa está atrasada, prejudicada por uma campanha de vacinação mais lenta e por restrições ao turismo.

A velocidade da recuperação tem sido desigual. Os maiores grupos da indústria, como a LVMH, Hermès e Kering, já estão acima dos seus níveis de 2019, enquanto marcas mais pequenas, como a Ferragamo e Tod's, ainda têm de recuperar.

A crise tem forçado as marcas tradicionalmente mais relutantes a venderem online e a abraçarem plenamente o comércio eletrónico, que deverá tornar-se o principal canal para compras de luxo nos próximos anos.

A Bain & Company adiantou ainda que à medida que as pessoas se mudavam para casas no campo e trabalhavam remotamente, as vendas em cidades secundárias corriam muitas vezes melhor do que em grandes capitais de luxo, como Nova Iorque ou Milão. Um fator que as marcas terão de considerar ao reverem a sua pegada.

E enquanto as bolsas, os artigos de couro e as joias têm impulsionado a recuperação espera-se que os gastos em vestuário, maquilhagem e perfumes também se intensifiquem à medida que os confinamentos e restrições se tornam mais flexíveis e as pessoas continuam a sair.