Reuters
Novello Dariella
27 de nov. de 2017
Vendas online? Talvez um dia, diz Chanel
Reuters
Novello Dariella
27 de nov. de 2017
A marca francesa Chanel não tem planos imediatos para a venda online das suas cobiçadas roupas ou carteiras, informou um executivo sénior na sexta-feira (24). Enquanto os seus rivais investem no comércio eletrónico para conquistar novos clientes, a marca quer preservar a sua exclusividade e atratividade.
Conhecida pelos seus fatos de tweed e carteiras de couro acolchoado de 4.300 dólares ou mais, a marca já vende os seus perfumes online, como o Chanel No 5, bem como óculos e produtos de beleza.
Mas, segundo o executivo Bruno Pavlovsky, presidente da moda da Chanel, a marca não descarta essa possibilidade no futuro. "Se se der tudo a todos imediatamente, penso que se perde a exclusividade", disse Pavlovsky numa conferência da Vogue em Paris. "Não estou a dizer que não vamos tentar um dia, mas se o fizermos será porque realmente acreditamos que existe algum valor agregado".
As marcas de artigos de luxo demoraram a desenvolver sites de comércio eletrónico, pois tinham receio de prejudicar o seu cachet por disponibilizarem os produtos de forma tão ampla.
Mas, a maioria já mudou de ideias. O conglomerado LVMH, proprietário da Louis Vuitton, contratou um ex-executivo da Apple e lançou recentemente um site que hospeda várias marcas, embora a estratégia online de cada uma delas ainda varie bastante.
As vendas na internet representarão cerca de 10% das receitas no mercado de artigos de luxo este ano, de acordo com a consultoria Bain, e os projetos podem representar 25% até 2025.
Mas, a atitude fora do padrão da Chanel não foi um obstáculo para o negócio, diz Pavlovsky, acrescentando que a marca, fundada por Gabrielle "Coco" Chanel em 1910, tem vindo a alcançar um público cada vez mais jovem e tem listas de espera para as carteiras mais vendidas.
Controlada pelos multimilionários Alain e Gerard Wertheimer, a Chanel não divulga regularmente os seus resultados financeiros.
De acordo com os números informados à Bolsa de Amsterdão, o lucro líquido da Chanel caiu quase 35% em 2016, e as vendas caíram 9% para 5,7 mil milhões de dólares.
A maioria das suas rivais têm desfrutado de um salto nas vendas em 2017.
O marketing digital não é algo desconhecido para a Chanel, uma vez que a marca está ativa em redes sociais como o Instagram e o Twitter, e publica imagens dos seus extravagantes desfiles e das coleções criadas pelo designer Karl Lagerfeld.
Mas, os compradores querem experimentar as roupas, diz Pavlovsky, acrescentando que a empresa quer fornecer "serviços eletrónicos" para permitir que os compradores reservem itens online ou marquem horários nas lojas.
"Sempre que estou na China, encontro clientes que me dizem: “faça o que fizer, não faça e-commerce. No dia em que fizer isso, não haverá mais exclusividade para nós", diz Pavlovsky.
© Thomson Reuters 2024 Todos os direitos reservados.