Traduzido por
Helena OSORIO
Publicado em
6 de mar. de 2023
Tempo de leitura
4 Minutos
Download
Fazer download do artigo
Imprimir
Text size

Vivienne Westwood: Paris saúda a estilista génio na Place de la Concorde

Traduzido por
Helena OSORIO
Publicado em
6 de mar. de 2023

Um momento compreensível de emoção e comoção, no final do desfile da Vivienne Westwood de sábado (4 de março), o primeiro desde a morte da grande estilista britânica, que ocorreu em dezembro.


Vivienne Westwood - outono-inverno 2023/24 - Womenswear - França - Paris - Vivienne Westwood


Milhares de fãs aglomeraram-se do lado de fora do Hotel de la Marine, na maior praça de Paris, a Place de la Concorde. No seu interior Jared Leto, Tracey Emin, Jean-Paul Gaultier e dezenas de aficionados de Vivienne Westwood sentaram-se em cadeiras Louis XVI sob os afrescos dourados.
 
Dezenas de convidados sentaram-se do lado de fora na longa loggia com vista para a Torre Eiffel enquanto o desfile começava ao ar livre no frio.

Abrindo com uma dama de honra punk da Restauração num top de chiffon estampado com a bela foto de uma sorridente Westwood; a peça foi estilizada com mini kilts, leggings góticas e sapatos de plataforma altos. Um look que combina diferentes épocas da extraordinária carreira de Vivienne Westwood: anglomania, punk, fantasia rural e glamour britânico.
 
No comando do design está sempre Andreas Kronthaler, o viúvo de Westwood e seu sucessor designado por muito tempo. A partir do momento em que a roupa saiu, o desfile tornou-se uma espécie de tour de force.
 
Neste show misto, Andreas fez referência a muitas eras de Westwood, ao mesmo tempo em que incorporou resquícios antigos e elementos recuperados de temporadas anteriores, vinculando organicamente esta coleção aos designs de Vivienne.
 
Twin sets maravilhosos – de meia-calça e cardigan – feitos com estampas de figuras da Grécia Antiga, seguidas de alfaiataria de barões punk. Rebeldes do Rock 'n' Roll que descobriram como ser elegantes: os jovens usam botas de pirata douradas até a coxa e as jovens gostam de super plataformas com sola de madeira. Deliciando-se com uma mistura de materiais: saias com estampa de flores da pradaria, casacos jacquard, coletes em madras xadrez, mantas acolchoadas com flores alpinas e cunhas com estampa de flores de jardim inglês. E isto foi só um look.

Crossdressing de alta moda da marca da estilista que mais do que qualquer outro inventou toda a noção moderna de alta moda. Tudo encenado para um elenco lindo que incluiu muitos fiéis de Westwood. De Mark Vanderloo e Arnaud Lemaire, a Farida Khelfa e a inefavelmente bela modelo estoniana Kätlin Aas, esta última parecendo vagamente surpresa – juntamente com uma bela crinolina, usando batom vermelho brilhante e um pequeno bigode falso.
 
“Foi um belo enterro. Uma grande coleção e uma despedida de respeito a uma grande designer que influenciou todos. Eu próprio incluindo, desde os primeiros dias do punk, Malcolm McLaren e Sex Pistols”, comentou Jean-Paul Gaultier.


Vivienne Westwood - outono-inverno 2023/24 - Womenswear - França - Paris - Vivienne Westwood


Vivienne Westwood explodiu no firmamento da moda vestindo os Sex Pistols, abrindo a icónica boutique 'Sex' na Kings Road, inventando a moda punk e sendo presa por gozar com as Bodas de Ouro da Rainha. Tudo num ano, 1975. Mais de 10 anos depois chega a Paris e afirma-se como uma designer de vital importância. Assim, parecia apropriado que o primeiro desfile da marca após o seu desaparecimento fosse bem no centro de Paris.
 
“Para mim o mais importante é continuar. Esse é o meu objetivo. Eu sabia que tinha de superar a dor e continuar a fazer as coisas de sempre. O trabalho é lindo, ajuda a lidar com isso. Às vezes, algo pequeno desencadeia a dor, mesmo que seja apenas um lenço. Mas todos nós passamos por isso. A dor faz parte da vida”, explicou o nobre Andreas Kronthaler.
 
“Vivienne comoveu tantas pessoas, e não apenas na moda. Então (trabalhar na coleção) ajudou-me a ver toda aquela profundidade, simpatia e amor. Realmente quis dizer o que disse. Nunca conheci ninguém tão corajoso”, desabafou Andreas, segurando as lágrimas.
 
Neste desfile, Kronthaler fez referência à coleção “Buffalo” de Westwood de 1982 e à ideia de um nobre selvagem descendo do norte e assumindo as cidades e Londres. Uma parte central do DNA de Vivienne, a jovem mulher de Derbyshire que desceu ao sul para conquistar a moda.

“Essa relação com a natureza e o campo é o que eu queria mostrar. Eu realmente fiz esta coleção com pedaços. Até coisas velhas que compramos juntos no mercado. Velhas mantas retiradas dos armários, ou mesmo tapeçarias do século XVIII a que demos nova vida. E ainda há mais tecido por aí”, acrescentou, provocando uma leve risada.
 
E assim se despede numa passerelle parisiense da estilista mais influente da história britânica.
 

Copyright © 2024 FashionNetwork.com. Todos os direitos reservados.