Y/Project deslumbra com coleção ultra engenhosa
Desconstrução, reversibilidade, decomponibilidade, versatilidade… estes são alguns dos temas pelos quais se guiou Glenn Martens para criar um vestuário masculino e unissexo totalmente novo, com roupa polivalente confortável e que se presta a todo o tipo de interpretações. Com a coleção outono-inverno 2018/19 apresentada na quarta-feira em Paris, o criador belga, de 35 anos, que conquistou o prémio ANDAM 2017 com a marca Y/Project, revelou todo o seu potencial ao questionar a atual forma de vestir.

"Perguntei-me: o que fazemos com uma peça de vestuário? Como a endossamos? Como nos apropriamos dela?”, explicou no backstage o designer, que obviamente trabalhou o conceito de “duplo”. O novo guarda-roupa da Y/Project é composto por camisas com dois colarinhos, cintos em dois modelos (em couro com tachas do lado direito, em crocodilo negro do lado esquerdo), bem como roupas diferentes atrás e à frente.
Uma camisola, usada junto ao corpo, em tons de cinzento na frente, transforma-se na parte de trás numa camisola caqui solta, uma camisola azul transforma-se numa t-shirt cinzenta. O mesmo princípio aplica-se à tradicional camisa de lenhador vermelha e preta, com pequenos quadrados à frente e grandes quadrados atrás.
Com a mesma ideia, Martens desenhou peças “casal”, como o casaco em ganga combinado com a t-shirt, o casaco vermelho que é emparelhado com um corta-vento no mesmo nylon vermelho cereja ou o casaco de couro que se sobrepõe a uma dupla sweater. O forro de pele de um casaco loden escapa-se do mesmo para se enrolar em torno do pescoço.

O reverso da roupa, o lado oculto, também não deixou de inspirar Glenn Martens, com sobretudos ou casacos completamente clássicos a revelarem, de repente, o interior, expondo costuras e forro. Noutros looks, jeans enrolados mostram um forro em pele, que atua como segundo par de calças.
E o designer diverte-se com as construções trompe-l'oeil: a bainha de uns jeans prolonga-se na parte frontal da perna, falsos vincos dão a impressão de que um blusão de couro ou uma sweater se dividem em dois.
A coleção joga sobretudo com a noção de multiplicação. Tanto da roupa como da sua utilização. Como resume o designer: “Temos dois sobretudos e dois casacos em um. É uma mistura de peças. Nunca se sabe realmente onde começa o primeiro corpo e onde termina o segundo, é preciso que cada um o defina e escolha como quer vestir a roupa.”

Encontramos este elemento de multiplicidade nas botas, que dão a sensação de que os modelos sobrepuseram três, umas dentro das outras, ou nos jeans com múltiplas bainhas. Por fim, a coleção inclui as calças desportivas ajustadas no tornozelo, típicas do criador, e transformou também as famosas botas forradas Ugg, que sobem até ao topo da coxa, como grandes botas de sete léguas.
Copyright © 2023 FashionNetwork.com. Todos os direitos reservados.