Yamamoto no seu melhor poético
Estaremos a assistir ao regresso de Yohji Yamamoto à primeira liga? O seu desfile foi pelo menos três vezes mais carregado de poesia do que qualquer outra coleção apresentada esta temporada na Europa.

E, fazendo o balanço de quase 100 desfiles até agora, entre Londres, Milão e Paris, a coleção de Yohji foi certamente a mais rock’n’roll, apresentada ao som de guitarras de blues-rock no interior da sua sede em Paris, em frente ao Centro Pompidou.
Todo o seu sentido de justaposição é particularmente sedutor. Yohji Yamamoto mistura com facilidade desconstrução - coletes assimétricos, quimonos cortados como casacos leves e um macacão de um ombro - com enormes postais arrojados, graffiti em francês, caracteres japoneses e paisagens e flores esborratadas.
Quanto à escolha dos modelos, acertou também em cheio. O elenco incluía um grupo de japoneses com barba por fazer, como samurais caídos em desgraça acabados de acordar com uma ressaca de sake e à procura de um confronto.
Muito já se escreveu sobre o encontro na moda, nos últimos anos, entre o sportswear e a alta costura. Na verdade, muitos acreditam que esta tendência já teve o seu auge. No entanto, o fundador e verdadeiro poeta deste movimento é Yamamoto, cujo sentido de teatralidade, cortes vanguardistas e inventividade no domínio nos motivos, imagens e fotografias incorporados no vestuário high fashion lhe garantem um lugar indiscutível no panteão da moda.
Com o devido respeito por Nicolas Ghesquière, Raf Simons, Jonathan Anderson, Virgil Abloh e Kim Jones, talvez devessem parar de se convidarem entre si para os respetivos desfiles nesta temporada, que mais parece uma orgia de felicitações mútuas, e pedir um convite para um desfile de Yamamoto. Aprenderiam muito no que diz respeito a moda masculina.
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