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Traduzido por
Helena OSORIO
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14 de mai. de 2020
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Yves Saint Laurent e a sua marca na história da moda

Por
EFE
Traduzido por
Helena OSORIO
Publicado em
14 de mai. de 2020

Madrid, 14 de maio (EFE) - "Eu criei o guarda-roupa da mulher contemporânea. Fiz parte da transformação da minha época", disse em certa ocasião o costureiro Yves Saint Laurent (Oran-Argélia 1936-Paris 2008). Uma confissão que fez ao tomar consciência de que as suas criações faziam parte da mudança social das mulheres do seu tempo, marcando para sempre a história da moda e transformando a mentalidade.


Yves Saint Laurent com musas, nos anos 90 do século XX - Instagram @laurencebenaim


Depois de conseguir a grande oportunidade de se juntar à equipa da Christian Dior couture, Yves Saint Laurent abriu a própria oficina e transformou a alta costura, para se dirigir a uma "nova era de mulheres jovens, fortes e independentes".

O seu design mudou o curso da moda, introduzindo o conceito de designer pronto a dirigir-se a uma clientela mais vasta.

Isto é expresso por Laurence Benaïm, a jornalista francesa especializada em moda, no livro "Yves Saint Laurent: The Impossible Collection" (Ed. Assouline). Entre muitos outros livros, Benaïm é também autora de "Yves Saint Laurent" (Grasset, 1993), uma biografia de referência sobre o estilista.


Saint Laurent - primavera-verão 2020 - Womenswear - Paris - © PixelFormula


Saint Laurent estava à frente do seu tempo, soube criar um estilo feminino baseado num conceito masculino de alfaiataria e ao seu guarda-roupa incorporou o fato de calças às riscas, o casaco de safari cáqui, o casaco tradicional sahariano e o smoking. E, mais ainda, as blusas transparentes - peças que à época eram consideradas "escandalosas".

Benaïm define Saint Laurent como um espírito "livre", tanto quanto não se coibia de "ousar provocar com um smoking como um vestido de noite de mulher nos anos 60".

E salienta que foi também um dos primeiros costureiros a adaptar-se ao design de moda rápida, criando em 1996 um smoking para a grande distribuidora francesa La Redoute.

O livro cobre 40 anos de moda Yves Saint Laurent e mais de 100 peças icónicas, desde os primeiros visuais que apareceram na passerelle da sua coleção de estreia em janeiro de 1962, depois do adeus a Dior, até ao último desfile de alta costura após a reforma em 2002.


Saint Laurent - Spring-Summer2020 - Womenswear - Paris - © PixelFormula


Um modelo artesanal em que se destacam os desenhos clássicos, como o Mondrian change dress; O vestido preto com gola e punhos brancos para o filme "Belle de Jour", protagonizado por Catherine Deneuve.

A lendária coleção de trajes de ballet russo, os tributos a Picasso, Matisse e Van Gogh ou os fatos de calças à medida e os vestidos drapeados "coup de crayon", o uso de veludo luxuoso nos seus desenhos, as rendas, as penas ou as estampas de leopardo, mostram a diversidade das criações de um designer de referência na moda.


Saint Laurent - Spring-Summer2020 - Womenswear - Paris - © PixelFormula


O designer considerou que os acessórios eram mais do que meros acompanhantes do vestuário, elevou-os à categoria de amuletos e fez deles um símbolo das suas paixões e criações: "Nunca se pode exagerar a importância dos acessórios. São eles que transformam um vestido noutra coisa".

Loulou de la Falaise foi a sua musa, a mulher que o inspirou a criar coleções e a criadora de muitos acessórios. A estilista possuía uma elegância natural, espinhosa, "chique", desde a sua juventude até às últimas fotografias. Olhando para essas imagens, é impossível não pensar que era a mulher ideal para usar os seus desenhos.


Loulou de la Falaise, umaeterna inspiração de Yves Saint Laurent - Instagram @louloudelafalaise


Foi modelo criativa e editora da revista Harpers&Queen, e a moda fazia parte do seu ADN. Saint Laurent chegou mesmo a confessar que se sentia atraído pelo "seu tolo sentido de humor inglês", uma diversão que os uniu durante décadas.
 

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