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7 de jun. de 2013
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Karl-Heinz Müller (Bread&Butter): "Um salão sempre reflete o mercado"

Publicado em
7 de jun. de 2013

Há um mês, o comunicado de imprensa chegava às redações. O salão Bread&Butter receberá em julho o grupo dinamarquês Bestseller, conhecido por suas marcas Jack & Jones e Vero Moda. Este grupo ocupará os 6.000 metros quadrados do Hangar 1 do Aeroporto Tempelhof de Berlim. De qualquer forma, uma bomba para os acostumados com o Bread&Butter, considerando que o carismático manager havia, em novembro de 2012, recusado 120 expositores mais ou menos fiéis, argumentando que suas coleções e estilo não correspondiam aos da comunidade do Bread&Butter. Foi por escrito que Karl-Heinz Müller, também varejista com suas lojas concept-stores 14 OZ e sua franquia Closed, achou tempo para responder a nossas questões.

Karl-Heinz Müller. (Foto DR)


FashionMag.com: Em novembro o senhor anunciou que se tornara seletivo de novo. Cerca de 120 expositores não puderam expor em janeiro de 2013. Como o senhor explica hoje a vinda do grupo Bestseller para ocupar 6.000 metros quadrados?
Karl-Heinz Müller: Foi isso mesmo em janeiro de 2013, quando nos separamos de cerca de 120 expositores. Como salão líder na área da moda street e urbana, o Bread&Butter tem de adaptar sua oferta às necessidades do mercado e oferecer bons estímulos. A lista de clientes do grupo Bestseller conta com mais de 12.000 lojas, magazines, maisons de moda e de prêt-à-porter, e isso em 53 países. Na verdade, o Bestseller é um dos parceiros mais importantes para o varejo internacional. Com eles, nós pudemos ganhar um expositor atrativo.

FM: O mercado está a evoluir. Até qual ponto os salões europeus devem mudar seu posicionamento?
KHM: É evidente que o mercado está a mudar. A moda significa mudança. Aliás, é disso que vivem as indústrias e os distribuidores. Renovação permanente, o comércio é justamente isso. Um salão sempre reflete o mercado. Entretanto, um salão líder também deve mostrar tendências. Assim, há um ano com o Tempel of Denim nós havíamos mostrado com clareza a importância que ganharia o tecido azul. Hoje, está claro que tínhamos razão. O Denim é o tema dominante de todas as coleções.

FM: Os varejistas visitam com bastante frequência os salões para conhecer novas marcas. O grupo Bestseller tem showrooms em muitas cidades. Os visitantes devem esperar o que para a edição de julho?
KHM: Cada varejista vem a um salão não só para descobrir novidades, mas também para cuidar de suas relações com fornecedores existentes. E, neste ponto, o tamanho das lojas não faz diferença. Todas as marcas que vêm têm seus showrooms nas cidades da moda e não só o grupo Bestseller. Isso não substitui um salão. As marcas sabem muito bem disso, senão não iriam expor. O Bread&Butter vai apresentar cerca de cem novos expositores que estarão lá pela primeira vez. Os visitantes encontrarão um portfólio de marcas que alcançaram o sucesso no campo da moda street e urbana.

FM: O senhor relatou seu projeto de um equivalente feminino no LOCK? Por quais razões?
KHM: Dentro do LOCK (espaço dedicado às grifes autênticas, muitas vezes provenientes do workwear, N. do E.) encontram-se mais de 100 marcas e etiquetas. Nós atingimos os limites, no que diz respeito à capacidade no limite de expositores. Neste espaço, misturam-se, por exemplo, mais de 30 marcas de denim, do vintage ao autêntico, passando pelas linhas modernas e mais cleans. Aí, os expositores são da França, Reino Unido, Itália, Escandinávia, Países Baixos, Alemanha, Estados Unidos, do Japão e da Coreia. São muitos os que têm uma coleção feminina como Adriano Goldschmied, Denham the Jeanmaker, Levi’s Made&Crafted, Nudie Jeans, Blauer, Windsor, Gloverall ou ainda Tricker’s. Na maior parte dos casos, o comercial fica na parte interna e não se encontra organizado por sexo. Apenas para esta temporada, é difícil fazer um espaço feminino separado do masculino.

FM: Afinal, quantos expositores vocês aguardam? Quantos deles são novos?
KHM: Teremos cerca de 600 expositores, dos quais 20% são novos.

FM: Haverá novos segmentos?
KHM: Não, mantemos nossa segmentação que já mostrou sua adequação.

FM: A campanha desta estação se chama Connect. O que se esconde por trás desse nome?
KHM: Connect significa que o Bread&Butter é o maior Meltin’pot na moda street e no urbanwear. As marcas encontram os compradores, e também o contrário, os jornalistas trocam ideias com os expositores. Fornecedores próximos do setor também tomam parte. As mídias modernas desempenham um papel cada vez mais importante igual às redes sociais. Os blogues se tornaram um elemento permanente neste cenário. Há muitos anos, nosso site dá acesso ao dos expositores. É só o começo, a evolução continua. É neste ponto que nossa campanha focaliza.

FM: O senhor pensa em lançar um salão on-line igual ao do Pitti e de seu e-pitti, ou melhor, igual ao Paris do New Black?
KHM: Um salão vive de expositores e de compradores. É um ponto de encontro físico. E neste local, negócios são feitos, transações são fechadas, opiniões são trocadas. Fashion Business is People’s Business. Os serviços on-line e as redes são importantes, mas devem ser muito bem trabalhados, concentrando-se no essencial e trazendo vantagens complementares. Uma plataforma virtual não pode substituir um salão real. Igual a um site e-commerce, o qual não pode substituir uma loja real bem conduzida. Nós continuaremos não só a desenvolver nossos serviços on-line, mas também no site (do Aeroporto Tempelhof). O Bread&Butter continua a ser um salão de pessoas para pessoas.

FM: De acordo com o senhor, em qual ponto os salões devem oferecer espaços às franquias?
KHM: Para mim, e em oposição à Ásia, não vejo na Europa interesse por uma edição voltada aos franqueadores. Muitos expositores que estão conosco também oferecem fórmulas de franquia. Para este circuito de distribuição, não pretendemos apresentar nenhum segmento separado. Assim, Marc’o Polo e G-Star estão integrados à oferta global do salão.

FM: Para alguns perfis de visitantes, a entrada não deveria mais ser gratuita? Antes, o senhor poderia explicar sua observação de janeiro?
KHM: Há mais de seis anos, desde nossa então chegada a Barcelona, o Bread&Butter não cobrou mais as entradas. Com uma contribuição, os expositores participam do financiamento de nosso Guest Management, e isso em várias línguas. Por assim dizer, os expositores convidam os compradores. Por conta do peso internacional que a edição ganhou, cada vez mais fornecedores de serviços vêm a Berlim, fabricantes de tecidos, promotores e agentes imobiliários, arquitetos, agências de imprensa e de marketing, comerciantes dos setores da publicidade das maisons da edição. Todas essas pessoas se servem de nossa força e das oportunidades oferecidas por nossa plataforma. Decidimos impor de agora em diante aos fornecedores e a outros, próximos de nosso ramo, uma entrada de 500 euros. Eles são chamados para participar da edição. Os expositores, por meio de aluguéis de estandes, também participam enormemente e, sem eles, uma edição dessas não seria possível. Para os compradores e os jornalistas que trabalham com as temáticas relacionadas, o Bread&Butter, ocorrendo no momento certo, continua bonito e, com certeza, gratuito.

FM:Como varejista, o senhor ainda visita cada temporada dos salões. A Internet permite-lhe que, a partir de sua casa, o senhor conheça novas grifes?
KHM: Claro, eu visito salões em Florença, Milão, Paris, Tóquio e Nova York. Isso não pode ser substituído pela web. Tenho de ver e tocar nas peças, falar e negociar com pessoas. Faço uso da Internet como fonte de informação.

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