LVMH projeta-se no futuro com Hedi Slimane, Kim Jones e Virgil Abloh
A LVMH não perdeu tempo. Em algumas semanas, o grupo de luxo liderado por Bernard Arnault anunciou de uma só vez três importantes nomeações para a direção artística das suas três marcas emblemáticas Dior, Louis Vuitton e Céline, apanhando toda a gente de surpresa. A mais recente, a de Virgil Abloh à frente das coleções masculinas da Louis Vuitton, promete grandes mudanças para a maison.

Com a chegada de Hedi Slimane à Céline e de Kim Jones à Dior Homme, o grupo parece estar a entrar numa nova fase. Um pouco como a do seu rival Kering há três anos, quando este nomeou Alessandro Michele e Demna Gavsalia para ficarem à frente da Gucci e da Balenciaga, respetivamente, o que levou as marcas a um crescimento meteórico. A LVMH, cujas marcas Dior, Louis Vuitton e Céline já apresentam resultados substanciais, está a fortalecer os seus ativos mais dinâmicos e a implementar uma nova estratégia para acelerar o ritmo.
Como tal, a nomeação de Virgil Abloh parece ser a mais significativa. Se Hedi Slimane traz consigo a cultura da imagem, o designer americano de origem ganense, assessor criativo do rapper Kanye West, vai levar o grupo ao universo digital. Abloh é, de facto, o primeiro designer impulsionado pelo mundo digital a assumir a direção artística de uma marca histórica.
"A minha marca começou nas ruas e becos da internet", disse Virgil Abloh numa entrevista recente ao jornal britânico The Guardian. Hoje, o estilista tem 1,6 milhões de seguidores no Instagram, e a sua marca, a Off-White, tem 3,1 milhões. Uma proeza para a marca fundada em 2014, que até agora apresentou apenas uma dúzia de coleções e é considerada hoje uma das mais cool do mundo.
“Ele construiu a sua marca e a sua reputação 100% no digital. Ele é muito impressionante, com muita energia, velocidade, inteligência e uma forte presença. Não tem medo de trabalhar no duro. A sua nomeação é uma grande jogada tática da LVMH. De qualquer forma, é muito empolgante porque Virgil Abloh gosta de criar surpresas e a expectativa para a Louis Vuitton é grande", comentou um profissional do meio.

Hands-on, o designer que é engenheiro e arquiteto de formação, está sempre a viajar, saltando de uma colaboração para outra (com marcas como Jimmy Choo, Levi's, Moncler, Nike, entre outras), e o seu ponto forte é a sua maneira de extrair a sua inspiração de diferentes setores, da música à arte ou à literatura, enquanto se relaciona com o seu público, que é essencialmente composto por pessoas nascidas após os anos 80.
Fortemente inserido na cultura atual com um grande conhecimento do seu mercado, como ilustram as referências e citações utilizadas nas suas últimas coleções, e sua maneira de misturar as tendência do momento, o estilista de 37 anos tem o perfil ideal para criar pontes entre os códigos clássicos e contemporâneos.
"A sua criatividade inata e abordagem vanguardista tornaram-no indispensável, não só na moda, mas também na cultura popular. A sua sensibilidade ao luxo e know-how serão decisivos para criar as coleções masculinas da Louis Vuitton do futuro”, destacou o CEO da Louis Vuitton, Michael Burke, que acompanha o trabalho de Virgil Abloh há 12 anos.
Com a sua moda de alta costura e urbana, o estilista-DJ não deixará de surpreender, dando sequencia e fortalecendo o toque de luxo urbano inserido na Louis Vuitton Men pelo seu antecessor Kim Jones, cuja colaboração com a marca cult de Nova Iorque Supreme conquistou um sucesso sem precedentes no ano passado.
Enquanto aposta num novo nome para a Louis Vuitton, a LVMH aposta também no talentoso designer britânico Kim Jones, agora no comando da Dior Homme, a marca mais prestigiada do grupo, que poderá fazer evoluir com mestria.
Quanto a isto, o gigante do luxo exibe um certo pragmatismo. Na verdade, o grupo concentrou-se em três nomes que conhece. Além de Kim Jones, Virgil Abloh foi um dos finalistas do Prémio LVMH em 2015, e conheceu o CEO da Louis Vuitton, Michael Burke, durante uma colaboração em 2006, quando este liderava a Fendi. No seu Instagram, o filho de Bernard Arnault, Alexandre, por sua vez, publicou uma foto ao lado do designer com a seguinte legenda: "orgulhoso de receber este grande amigo e talento no grupo” ao anunciar uma iminente colaboração entre a Off-White e a Rimowa.
Quanto a Hedi Slimane, este já trabalhou na Dior Homme com sucesso no passado. Além disso, o grupo apostou nele para garantir a recuperação da Céline após a saída de Phoebe Philo e, sobretudo, para liderar o lançamento da primeira coleção masculina da marca, além da alta costura e perfumaria. Mais uma vez, uma revolução parece garantida!
Três escolhas bem ponderadas, portanto, com homens experientes que saberão lidar com o legado e a tradição, enquanto trazem um novo fôlego e adicionam à Louis Vuitton e à Dior o toque certo de streetwear e uma abordagem digital para aproximar as duas maisons históricas dos cobiçados millennials.
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