Lisboa (Lusa) – O 'Diário de uma princesa em descoberta' dos criadores Storytailors, que cruza três histórias da cultura portuguesa, e a aposta na nudez semi-escondida da dupla Alves/Gonçalves marcaram o arranque da 37.ª edição do Portugal Fashion.

No arranque do evento, na quarta-feira em Lisboa, as propostas da dupla portuguesa Storytailors para a primavera/verão 2016 foram as primeiras a subir à passerelle, no Four Seasons Hotel Ritz Lisbon, sob o conceito “Diário de uma princesa em descoberta”, que cruzou a lenda das “Três mouras encantadas”, a história de “Santa Joana Princesa”, padroeira de Aveiro, e a epopeia de Luís de Camões, “Os Lusíadas”.

Num desfile encenado e de ode às mulheres – no qual as manequins foram também atrizes e bailarinas – os criadores apostaram em silhuetas marcadas pelos elementos ar e água – após se terem inspirado nos elementos fogo e terra na coleção anterior – e por costumes tradicionais, como a porcelana e a azulejaria.

“Todas as [nossas] coleções têm uma raiz cultural muito ligada a Portugal e que funde Portugal a outras culturas e esta também”, resumiu o criador João Branco, dos Storytailors, em declarações aos jornalistas no final da apresentação, relacionando estas propostas com a época dos Descobrimentos e com a ligação do país ao Oriente.

Os coordenados, com propostas femininas e masculinas, fazem parte de um “conto épico inserido num livro de contos surreais” que agora termina, após ter sido iniciado na coleção anterior, contou o estilista, que faz dupla com Luís Sanchez.

Entre os tecidos usados estão as fibras naturais, o algodão e a organza, com predominância do branco e do azul.

João Branco adiantou que a dupla está a tentar entrar no mercado norte-americano.

A encerrar o primeiro dia do evento, que segue para o Porto até sábado, a dupla Alves/Gonçalves, 100% no feminino, optou por “desconstruir o clássico, a favor de uma silhueta espontânea, muito livre, onde se intercetam ideias, onde se misturam tecidos e onde se casam matérias que por vezes podem ser antagónicas mas resultam”, explicou Manuel Alves.

Dos coordenados exibidos no Museu Nacional de História Natural e da Ciência fizeram parte lantejoulas, estampados, tecidos rendados, sedas naturais e atilhos e ainda cores como preto, cor de vinho e dourado, que visavam criar uma “nudez semi-escondida” e dar “movimento ao vestuário”, apontou o estilista.

“As nossas propostas são muito atuais, são muito contemporâneas, […] enfrentam novos desafios, novas maneiras de ver a mulher vestida”, sublinhou.

De acordo com Manuel Alves, a dupla Alves/Gonçalves, também composta por José Gonçalves, está agora com “estrutura financeira” para apostar em mercados como o inglês, norte-americano, sul-americano e asiático.

Entre estes dois desfiles, houve ainda a apresentação das propostas para a estação quente da criadora Carla Pontes e da marca HIBU, no âmbito da plataforma de novos talentos Bloom.

Se Carla Pontes apostou numa “coleção delicada, inspirada pela leveza das algas de correntes de rio”, em que as peças “assumem detalhes refinados, conjugados com cortes em fio e costuras desportivas”, com tons ‘nude’, cinza e azul-marinho, a marca HIBU expôs propostas de inspiração japonesa de forma a “desconstruir e reconstruir, através do envolvimento de elementos de mundos diferentes, para criar uma nova identidade”.