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21 de nov. de 2017
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Victoria's Secret tropeça na China

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AFP
Traduzido por
Novello Dariella
Publicado em
21 de nov. de 2017

O célebre desfile de moda da Victoria's Secret tropeçou na linha de chegada na noite de segunda-feira (20), no seu primeiro evento realizado na China, marcado por contratempos e interferência política de Pequim.


A top model brasileira Lais Ribeiro usou o sutiã Fantasy Bra da marca, avaliado em 2 milhões de dólares - Victoria's Secret


As modelos invadiram a passarela vestindo asas elaboradas em penas, enquanto a marca norte-americana realizava o desfile sensual em Xangai com a esperança de fazer um grande espetáculo no crescente mercado de lingerie do país, para compensar a queda no lucro americano.

Mas, o desfile, agora no seu 23º ano, sofreu um golpe quando a principal modelo americana Gigi Hadid anunciou na sexta-feira (17) que não iria participar.

Hadid não explicou o motivo da sua decisão, mas o anúncio ocorreu depois de a modelo de 22 anos publicar nas redes sociais um video com um Buda, imitando a sua pose, com uma expressão facial aparentemente depreciativa, algo que foi bastante criticado pelos chineses.

A comunicação social norte-americana também informou que a cantora Katy Perry, que seria a atração musical do evento, viu o seu visto para a China negado. Em seu lugar, o britânico Harry Styles acabou por ser o responsável pela parte musical.

Segundo informações, a China estaria incomodada com o facto de Katy Perry ter utilizado a bandeira do rival diplomático da China, Taiwan, para se cobrir durante um concerto, e vestido cores que insinuavam apoio para aqueles que se encontram na ilha e que se opõem a relações mais estreitas com a China.

Nem Katy Perry, Victoria's Secret ou o governo da China confirmaram as informações, mas o jornal Global Times, que é apoiado pelo estado, sugeriu num editorial publicado no domingo (19) que Gigi Hadid e Katy Perry “deram um tiro" nos próprios pés.

"O resultado foi inevitável. Aqueles que querem levar a sério o desenvolvimento das suas carreiras no mercado chinês podem tirar lições deste caso e aprender a respeitar as regras na China", afirmou o jornal.

Tropeços

Os tropeços continuaram na noite de segunda-feira (20) na arena Mercedes-Benz de Xangai, cujo exterior foi "banhado" em rosa.

Um problema no sistema retardou a entrada de milhares de convidados, atrasando o início do evento e a multidão de chineses não mostrou muito entusiasmo.

Segundo relatos, para conquistar os chineses, a Victoria's Secret selecionou um recorde de sete mulheres chinesas para estarem entre as 55 modelos que desfilaram.

Mas, uma delas, Ming Xi, tropeçou no seu traje e caiu na passarela. A cena será certamente cortada da versão que será transmitida na televisão em mais 190 países a 28 de novembro.

Mais cedo, durante a maquilhagem, a top model chinesa Liu Wen, veterana de diversos desfiles da Victoria's Secret, disse à AFP que a versão de segunda-feira era "ainda mais especial" para ela este ano porque se realizava em sua casa.

"Podemos agradecer à China por ser um mercado tão grande, e pode haver muitos rostos chineses a aparecer. Pessoalmente, sinto orgulho do meu próprio país", disse Liu, de 29 anos.

A Victoria's Secret espera conquistar uma fatia desse mercado e, para isso, abriu as suas duas primeiras grandes lojas na China este ano, uma em Xangai e outra em Chengdu.

As vendas da marca nos Estados Unidos caíram, com analistas a culparem a sua resposta lenta à tendência de se distanciar dos sutiãs super estruturados e seguir uma linha de roupas íntimas mais confortáveis.

A Victoria's Secret conta com o reconhecimento da marca e de top models como Adriana Lima e as suas homólogas chinesas para conquistar as mulheres da China, que estão cada vez mais interessadas em expressar a sua sexualidade, dizem analistas sociais e de moda.

A lingerie é um dos segmentos de crescimento mais rápido no vestuário feminino chinês, de acordo com a empresa de inteligência de mercado Mintel.

A Mintel estima que este segmento deve crescer para 148 mil milhões de yuans (US$ 22 mil milhões) até 2020, um aumento de 32% em relação aos números de 2015.

A peça de lingerie mais cara do evento foi o sutiã "Fantasy Bra".

A versão deste ano, vestida pela brasileira Lais Ribeiro, foi uma criação de US$ 2 milhões da empresa suíça de artigos de luxo Mouawad, feita com quase 6 mil pedras preciosas.

Matthew Crabbe, diretor de tendências regionais da Mintel, disse que o desfile de moda foi "uma ótima maneira de aumentar a consciencialização do consumidor".

Mas, acrescentou que a Victoria's Secret está a entrar num "mercado de retalho difícil, com muitos concorrentes", tanto estrangeiros como locais.

A comunicação social americana de moda também informou que três modelos russas e uma ucraniana viram os seus vistos negados. 

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